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A poucos dias da COP26, premiê canadense nomeia ativista climático para Ministério do Meio Ambiente

26/10/2021 17h03

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, apresentou nesta terça-feira (26) um novo gabinete que inclui um célebre ativista climático como ministro do Meio Ambiente, assim como as novas chefes de Defesa e Diplomacia, em sua tentativa de revitalizar sua equipe para um terceiro mandato.
 

Em uma cerimônia em Ottawa, o ambientalista Steven Guilbeault foi nomeado para chefiar a pasta do Meio Ambiente, dias antes da conferência climática COP26 em Glasgow. Antigo membro do Greenpeace, ele dedicou grande parte de sua vida à causa, antes de ter sido designado ministro do Patrimônio. 

Com a nomeação Trudeau tenta rebater as críticas pela falta de ações em prol do meio ambiente. No mês passado, ele venceu as eleições legislativas, mas não obteve maioria do no Parlamento

O Canadá conta com a terceira maior reserva de petróleo no mundo e a economia das províncias do oeste do país é dependente das energias fósseis. Os objetivos do país para diminuir a emissão de gases poluentes, determinados no último mês de abril pelo premiê, ficam entre 40% e 45% até 2030 em relação ao nível de 2005 - uma meta muito distante das traçadas pelos Estados Unidos e Europa. 

Uma das maiores críticas contra Trudeau é a polêmica nacionalização de um oleoduto em 2018. Na época, o projeto foi extremamente denunciado por Steven Guilbeault. Hoje, o site do primeiro-ministro descreve o ativista como "uma figura essencial" na luta contra a crise climática. 

"Steven Guilbeault conhece a pasta, os atores-chave e compreende a importância das questões ambientais", afirma um dos responsáveis pela campanha Energia e Clima do Greenpeace, Patrick Bonin. 

38 ministros e paridade de gêneros

O novo gabinete é composto por 38 ministros no total, com número igual de mulheres e homens. Anita Anand foi escolhida para dirigir o Exército - abalado por alegações de má conduta sexual -, e Melanie Joly foi promovida ao Ministério das Relações Exteriores. Chrystia Freeland, conforme anunciado anteriormente, mantém o seu duplo papel de vice-primeira-ministra e ministra das Finanças.

Trudeau voltou ao poder em setembro à frente, mais uma vez, de um governo de minoria liberal, com a posição do partido na Câmara dos Comuns quase exatamente a mesma de antes das eleições antecipadas. Esse não foi o resultado que ele esperava, já que o forte apoio a seus liberais por sua resposta robusta à pandemia de repente se dissipou no meio da campanha, à medida que os eleitores se cansavam de sua administração, eleita pela primeira vez em 2015.

A remodelação do gabinete - que incluiu a demissão de vários ministros, incluindo o ex-astronauta Marc Garneau, e a realocação de outros para novos cargos - deve dar um novo fôlego a seu conturbado Partido Liberal.

No início deste mês, Trudeau delineou as prioridades de seu novo governo, incluindo acelerar a ação climática, a saída do Canadá da pandemia e continuar a reconciliação com as mais de 600 tribos indígenas do país.

O premiê havia dito em sua primeira coletiva de imprensa pós-eleitoral, no início de outubro, que seu governo de minoria liberal havia recebido um mandato "para agir ainda mais fortemente e mais rápido nas coisas importantes que os canadenses realmente desejam". Listou, como exemplos, medidas para combater as mudanças climáticas, aumentar ainda mais as taxas de vacinação contra a Covid-19, que já estão entre as mais altas do mundo, e impulsionar a recuperação econômica do Canadá.

(Com informações da AFP