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Cidade italiana decide homenagear Bolsonaro e gera polêmica entre habitantes

26/10/2021 15h20

A decisão de uma pequena cidade na região de Vêneto de conceder cidadania honorária ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, gerou polêmica na Itália nesta terça-feira (26).

"A decisão foi aprovada pela câmara municipal", confirmou terça-feira à AFP Alessandra Buoso, a prefeita de Anguillara Veneta, um município de 4.000 habitantes. Ela é integrante da Liga, partido nacionalista e anti-imigração liderado por Matteo Salvini.

O anúncio foi imediatamente criticado, em um momento em que a finalização do relatório da CPI da Covid expôs a irresponsabilidade do governo brasileiro na pandemia. O presidente brasileiro pode ser indiciado por diversos crimes, entre eles crime contra a humanidade - que pode ser julgado no Tribunal Penal Internacional - prevaricação, charlatanismo, crime de epidemia com resultado de morte, infração a medidas sanitárias, crime de responsabilidade, incitação ao crime e falsificação de documento. 

De acordo com o documento, que será votado ainda nesta terça-feira, o presidente de extrema direita foi "o principal responsável pelos erros do governo durante a pandemia" que ceifou mais de 600 mil vidas no Brasil.

Política baseada no negacionismo

"Bolsonaro liderou uma política baseada no negacionismo e contra a vacina, que causou milhares de mortes", denunciou Arturo Lorenzoni, porta-voz da oposição no Conselho Regional de Vêneto, região governada pela Liga.

Entrevistada pela AFP, a prefeita de Anguillara Veneta defendeu sua decisão, explicando que "a cidadania honorária foi concedida às pessoas que ele representa e não a ele [Bolsonaro] como pessoa". O objetivo, segundo ela, é "recompensar a recepção que os imigrantes de Anguillara Veneta têm recebido no Brasil", disse ela.

Oprimidos pela pobreza, mil habitantes desta comuna emigraram para o Brasil no final do século XIX, entre eles os ancestrais do presidente brasileiro, que deixaram o município em 1888.

Jair Bolsonaro é esperado para a cúpula do G20 que será realizada neste fim de semana em Roma. Há rumores de que ele possa viajar à terra de seus ancestrais na próxima segunda (1°) ou terça-feira (2), uma visita que ainda não está confirmada.

(Com informações da AFP)