Audiência de ex-presidente argentino Mauricio Macri na Justiça é suspensa
O ex-presidente argentino Mauricio Macri compareceu pela primeira vez à Justiça, nesta quinta-feira (28), para prestar uma declaração em um caso por suspeita de espionagem de familiares dos 44 tripulantes mortos no naufrágio de um submarino militar em 2017, durante seu governo. A audiência, porém, precisou ser suspensa porque o ex-presidente não foi eximido da obrigação de guardar segredos de Estado, como explicou seu advogado Pablo Lanusse.
"Descobrimos hoje que o tribunal não conta com sigilo de inteligência para que Macri possa testemunhar", disse Lanusse ao deixar o tribunal.
"O juiz (Martín) Bava tem demonstrado sua animosidade contra Macri e sua pretensão de querer processá-lo antes das eleições", acrescentou, referindo-se às eleições parlamentares de meio de mandato, marcadas para 14 de novembro.
Não há informações de quando a audiência será retomada.
Macri faltou às duas intimações anteriores: a primeira, por estar no exterior; e a segunda, por ter solicitado o impedimento do juiz Martín Bava.
Acompanhado de alguns simpatizantes e por ex-colaboradores de seu governo (2015-2019), Macri chegou à localidade de Dolores (200 km ao sul de Buenos Aires) uma hora e meia antes de sua audiência.
"Estamos tranquilos. Sabemos o que fizemos e nossas boas intenções", disse Macri a seus seguidores, aos quais pediu que trabalhem por "uma cultura do poder sadia, que inclua uma justiça imparcial".
A pequena mobilização de apoio a Macri se dá em plena campanha para as eleições parlamentares de meio de mandato, previstas em 14 de novembro. Nelas, a coalizão de centro-direita do ex-presidente - Juntos pela Mudança - espera obter uma votação significativa.
Espionagem
O submarino "ARA San Juan" da Marinha Argentina, um TR-1700 de fabricação alemã com 66 metros de comprimento, desapareceu em novembro de 2017 com 44 pessoas a bordo, quando patrulhava as águas argentinas. A embarcação foi encontrada um ano depois, a 900 metros de profundidade, com a ajuda de marinhas de outros países.
A denúncia sustenta que os familiares dos soldados mortos no naufrágio do "ARA San Juan" foram alvo de escutas telefônicas e de outras interceptações durante o ano em que tentavam descobrir o que aconteceu.
"Esperamos que Macri cumpra a lei e se apresente como cabe e que, em vez de tentar uma defesa absurda, nos diga a verdade sobre quais foram os motivos para nos espionar ilegalmente", disse à AFP Luis Tagliapietra, pai de um dos marinheiros e advogado demandante neste caso.
"Eu o denunciei em março de 2018. Naquele momento, não conseguimos avançar, porque era muito difícil", afirmou Luis nesta quinta, na entrada do tribunal de Dolores. "Está provadíssimo que ele espionava a gente e que isso era ilegal. Tomara que nos digam o que motivou isso", completou.
(Com informações da AFP)
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