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Xiomara Castro reivindica vitória e Honduras deve ter primeira mulher presidente

29/11/2021 08h45

A candidata de esquerda Xiomara Castro, do Partido Liberdade e Refundação, reivindicou a vitória nas eleições presidenciais de Honduras, realizadas nesse domingo (28). Ela tem quase 20 pontos de vantagem sobre o candidato governista Nasry Asfura, do Partido Nacional de direita, após a apuração de 42% das urnas.

Porém, o Conselho Nacional Eleitoral hondurenho ressalta que o resultado ainda é provisório e pede aos candidatos e eleitores para aguardarem o resultado definitivo. "Nenhuma candidata ou candidato pode se declarar vencedor até que o último voto seja processado", advertiu o presidente do CNE, Kelvin Aguirre, em uma entrevista coletiva.

Os simpatizantes de Castro, no entanto, festejaram na capital Tegucigalpa. Se a tendência for confirmada, Xiomara Castro, mulher do presidente destituído Manuel Zelaya será, aos 62 anos, a primeira mulher a presidir Honduras.

Participação histórica

Os eleitores foram às urnas para eleger o sucessor de Juan Orlando Hernandez, do Partido Nacional, que não estava concorrendo. A participação atingiu o nível "histórico" de 62%, anunciou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na noite de domingo, anunciando os primeiros resultados parciais.

Com os votos de mais de 41% dos centros de votação apurados, Xiomara Castro, obtinha 53,46% dos votos, enquanto seu adversário do Partido Nacional (PN, à direita) Nasry Asfura, alcançava pouco mais de 34%.

Xiomara Castro prometeu "formar um governo de reconciliação" e estabelecer uma "democracia participativa". "Estendo a mão aos meus adversários, porque não tenho inimigos", disse ela no domingo, prometendo expulsar "o ódio, a corrupção, o narcotráfico e o crime organizado".

Esta não é a primeira candidatura presidencial da chefe do Partido Livre. Xioamara Castro perdeu em 2013 por uma diferença pequena para Hernandez, que depois concorreu a um segundo mandato, em 2017. Sua questionável reeleição contra o astro da televisão Salvador Nasralla desencadeou manifestações violentas no país, sob denúncias de fraude, que mataram quase trinta pessoas.

Combate à corrupção

Em 2021, as circunstâncias mudaram. Além do fato de vários candidatos terem optado por se retirar da corrida presidencial para apoiar Xioamara Castro, o risco de fraude durante a votação é menor, analisa Víctor Meza, diretor da ONG Centro de Documentação de Honduras. "Embora a fraude continue sendo um perigo potencial, posso afirmar categoricamente que as chances de se cometer uma fraude como a de 2017 são praticamente nulas. Em outras palavras, a fraude não está excluída, mas as chances de alcançá-la são infinitamente menores", afirmou.

"A questão que mais mobiliza a população hondurenha é a corrupção", completa Víctor Meza. "Há uma espécie de cansaço nacional, seja qual for a filiação política e a simpatia de cada um. Um cansaço nacional, um cansaço diante da degradação ética da sociedade, a instauração de um regime corrupto que abrange praticamente todos os elos da sociedade hondurenha. A questão da corrupção, se não for a única, está em primeiro lugar," observa.

Mais da metade dos dez milhões de habitantes de Honduras vive abaixo da linha da pobreza e a pandemia de coronavírus acentuou as dificuldades. Muitos tentam se juntar a seus compatriotas que fugiram da violência e da miséria, a esmagadora maioria partindo para os Estados Unidos.

O presidente que deixa o cargo ainda está envolvido em investigações do crime organizado. Traficantes de drogas detidos nos Estados Unidos o implicaram, junto com seu irmão Tony, condenado por um tribunal federal dos Estados Unidos à prisão perpétua por envolvimento no tráfico de 185 toneladas de cocaína.