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CEO da Moderna teme queda "significativa" de eficácia de vacinas contra variante ômicron

Vacina da Moderna é baseada na nova tecnologia do RNA mensageiro;  - Mike Segar/Reuters
Vacina da Moderna é baseada na nova tecnologia do RNA mensageiro; Imagem: Mike Segar/Reuters

30/11/2021 06h05

O CEO da empresa de biotecnologia Moderna, Stéphane Bancel, afirmou hoje que é improvável que as atuais vacinas disponíveis contra a covid-19 sejam tão eficazes contra a variante ômicron quanto foram contra a delta.

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Bancel diz que desconhece o grau de resistência da ômicron aos imunizantes. "Acho que terá uma queda significativa [de eficácia], não sabemos sua magnitude porque temos que esperar os dados", acrescentou, evocando o pessimismo de todos os pesquisadores com quem conversou.

A Moderna desenvolveu uma das vacinas mais eficientes contra a covid-19, ao lado da Pfizer-BioNTech, ambas baseadas na nova tecnologia do RNA mensageiro.

A nova cepa, identificada pelo código científico B.1.1.529, foi detectada pela primeira vez na semana passada na África do Sul. A transmissibilidade, virulência e letalidade da variante ainda são analisadas. Cientistas sul-africanos encontraram 32 mutações na proteína Spike da ômicron, contra oito na variante Delta, que já é considerada altamente infecciosa.

Ao mesmo tempo que o número de mutações nessa proteína não é uma indicação exata do quão perigosa a variante pode ser, a imagem da nova cepa sugere que o sistema imunológico humano pode ter maior dificuldade de combatê-la. Isto poderá resultar em um número maior de pessoas contaminadas, mais pacientes desenvolvendo a covid-19, mais hospitalizações e um prolongamento da pandemia.

Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica Sul-Africana, declarou que observou 30 pacientes, nos últimos 10 dias, que testaram positivo para Covid-19 e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização. O principal sintoma foi o cansaço, mas é cedo para extrapolar esses sintomas leves para todos que contraírem o vírus.

Os primeiros resultados de estudos mais consistentes sobre a ômicron devem ser divulgados em duas ou três semanas. Se as suspeitas de maior contagiosidade e de resistência às vacinas forem confirmadas, será necessário modificar os imunizantes utilizados atualmente, explicou o dono da Moderna. Bancel acrescentou que esse processo de adaptação pode levar vários meses.

O laboratório PfizerBioNTech anunciou que não irá aguardar a publicação de dados detalhados sobre a ômicron e já começou a desenvolver uma nova versão de sua vacina contra a covid-19. No contrato de fornecimento assinado com a União Europeia, a Pfizer/BioNTech dá um prazo de cem dias para a adaptação de seu imunizante a novas variantes do coronavírus.

OMS vê risco planetário

A OMS (Organização Mundial da Saúde) advertiu ontem que a nova cepa representa um "risco muito elevado" para o planeta. A OMS se preocupa com o aumento do número de países onde a Ômicron já está presente.

A África do Sul registrou, nas últimas semanas, um rápido aumento dos contágios: no domingo foram 2.800 novos casos, contra 500 da semana anterior. Quase 75% das infecções contabilizadas nos últimos dias foram provocadas pela B.1.1.529.

"Embora a Ômicron não seja clinicamente mais perigosa e os primeiros sinais ainda não sejam alarmantes, provavelmente veremos um aumento de casos devido à velocidade de transmissão", disse o epidemiologista sul-africano Salim Abdool Karim, que prevê que o país alcançará 10.000 novos casos diários de coronavírus, até o fim de semana.

Com informações da AFP