Com duelo inesperado, direita francesa define neste sábado candidato à presidência
A direita francesa chegou à reta final de seu processo de seleção do candidato às eleições presidenciais de 2022. A disputa interna no congresso do partido "Os Republicanos" é a principal manchete da imprensa francesa nesta sexta-feira (3).
Cento e quarenta mil militantes da sigla começaram a votar nesta manhã, até as 8h de sábado (4), para desempatar os dois finalistas definidos na primeira fase de consulta às bases. O azarão Eric Ciotti, deputado dos Alpes Marítimos, foi o vencedor, com 25,6% dos votos, à frente da presidente da região Île-de-France, Valérie Pécresse, que obteve 25%. Os três concorrentes eliminados no primeiro turno do processo seletivo se alinharam a Pécresse, pedindo aos seus simpatizantes que votem na ex-ministra do Planejamento de Nicolas Sarkozy (2007-2012).
Na opinião do jornal Libération, os dois finalistas são direitistas "austeros" e a má notícia é que a vitória de Ciotti na primeira fase "demonstra a porosidade da direita republicana com a extrema direita".
O aparecimento de um segundo candidato de extrema direita no cenário eleitoral, Eric Zemmour, rival de Marine Le Pen, fez a direita moderada radicalizar o discurso, também apostando em temas como identidade nacional e política anti-imigração, algo preocupante na avaliação do jornal progressista. Pécresse é favorita e ainda é a melhor opção, por ser uma conservadora clássica em questões de comportamento, liberal na economia, porém menos obcecada pela extrema direita do que o rival Ciotti, avalia o Libération.
Ameaça para Macron
Le Parisien diz que Valérie Pécresse é a mais perigosa para um duelo com o presidente Emmanuel Macron, que ainda não oficializou sua candidatura, mas já está em campanha. Como oferta política para os eleitores de direita, Pécresse tem cultura conservadora, mas é liberal na economia, com a vantagem de ser mulher, observa o diário. Aliados do presidente afirmam que seria mais fácil para Macron enfrentar o deputado Eric Ciotti no campo das ideias, e derrotá-lo, do que será no caso da designação de Valérie Pécresse.
Ao Le Monde, escudeiros da pré-candidata dizem que ela é a única capaz de tirar a disputa presidencial de um novo duelo Macron-Le Pen, e também a única com poder de fogo para derrotar Macron.
Para o Le Figaro, Pécresse "ganhou uma batalha, mas ainda não ganhou a guerra" ao eliminar de seu caminho três companheiros de partido. Se ela sair vencedora neste sábado, ainda terá de derrotar dois fortes candidatos de extrema direita e o próprio Macron, antes de chegar ao Palácio do Eliseu.
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