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Heptacampeão Lewis Hamilton disputa GP da Arábia Saudita com capacete nas cores da bandeira LGBTQI+

03/12/2021 14h25

Neste que será o primeiro Grande Prêmio da Arábia Saudita na história da Fórmula 1, as ONGs denunciam as deficiências da monarquia do Golfo em termos de direitos humanos. Acostumado a falar sobre o assunto, o atual campeão mundial Lewis Hamilton fez jus à sua reputação de defensor das causas humanitárias durante sua primeira entrevista coletiva em Riad.

O primeiro Grande Prêmio da Arábia Saudita de Fórmula 1 neste domingo (5) chama a atenção pelo que a competição representa no cenário internacional, em um país criticado por suas frequentes violações de direitos humanos.

A chegada da monarquia do Golfo à F1 faz parte de uma campanha para melhorar sua imagem e diversificar a economia do petróleo por meio de eventos esportivos, culturais e turísticos.

Mas para a Human Rights Watch, a Arábia Saudita estaria usando este GP e os shows de estrelas internacionais organizados em paralelo à competição para "desviar a atenção das violações generalizadas dos direitos humanos" [o que é conhecido como "lavagem esportiva" - "sportwashing"].

"Se eles não expressarem suas preocupações sobre os graves abusos cometidos pela Arábia Saudita, a Fórmula 1 e os artistas correm o risco de apoiar os esforços dispendiosos do governo saudita para lustrar sua imagem, apesar de um aumento significativo na repressão ao longo dos últimos anos", acrescentou Michael Page, vice-diretor para o Oriente Médio da ONG, em nota oficial.

"Se as autoridades sauditas quiserem ser vistas de maneira diferente, devem libertar imediata e incondicionalmente todos os que foram presos por expressarem pacificamente suas opiniões, suspender as proibições de viagens e impor uma moratória à pena de morte", acrescenta a Anistia Internacional.

"Sensibilização"

Convocado a se expressar publicamente antes do evento esportivo, o piloto britânico Lewis Hamilton, que fez da luta contra as discriminações seu combate pessoal, confidenciou que "não vai dizer que se sente confortável aqui [Arábia Saudita]", mas que não foi escolha dele.

"Nosso esporte escolheu estar aqui e seja justo ou não, acho que enquanto estamos aqui ainda é importante fazer algum trabalho de divulgação", continuou ele. "Muitas mudanças precisam acontecer e nosso esporte precisa fazer mais."

Para ele, será importante usar novamente o capacete com as cores da comunidade LGBTQI+ que ele já usou no Catar há duas semanas e que usará novamente em Abu Dhabi na próxima semana.

Já o principal adversário de Hamilton, o alemão Sebastian Vettel, organizou uma prova de kart com algumas mulheres, num país onde elas só ganharam o direito de dirigir em 2018.

"Ver a confiança destas mulheres e dar-lhes esta oportunidade num campo dominado pelos homens é ótimo e me deu muito prazer", explicou. "Claro que há falhas a serem corrigidas, mas acho que o positivo é uma arma mais poderosa do que o negativo."

Hamilton faz o melhor tempo

O britânico Lewis Hamilton, da Mercedes, figura carimbada não apenas nas pistas de alta velocidade, mas também na plateia de desfiles das maiores marcas mundiais da alta costura, fez o melhor tempo na 1ª sessão de treinos livres do Grande Prêmio da Arábia Saudita, da 21ª rodada do Campeonato Mundial de Fórmula 1, nesta sexta-feira (3) no Circuito Urbano de Jeddah (6,174 km).

Em 1 min e 29 segundos, ele derrotou o holandês Max Verstappen (Red Bull) por 56/1000 e seu companheiro de equipe finlandês Valtteri Bottas por 223/1000.

Verstappen pode conquistar seu primeiro título na categoria rainha do automobilismo no final deste evento, o penúltimo da temporada e o primeiro na Arábia Saudita.

Para fazer isso, ele preciso marcar 18 pontos a mais do que o heptacampeão das pistas e dos direitos humanos, Lewis Hamilton.

Com informações da AFP