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Rio: Highliner francês percorre meio km a 80m de altura na performance "Les Traceurs"

03/12/2021 18h32

Um espetáculo literalmente de tirar o fôlego. O highliner francês Nathan Paulin vai atravessar quase meio quilômetro sobre uma corda numa altura de 80 metros entre o Morro da Babilônia e o Morro da Urca na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. A proeza tem nome, trata-se da performance "Les Traceurs", dirigida pelo coreógrafo e diretor do Teatro Chaillot em Paris, Rachid Ouramdane. Sua apresentação mais famosa aconteceu em 2017 quando o funâmbulo fez o percurso da Torre Eiffell ao Trocadéro.

Um espetáculo literalmente de tirar o fôlego. O highliner francês Nathan Paulin vai atravessar quase meio quilômetro sobre uma corda numa altura de 80 metros entre o Morro da Babilônia e o Morro da Urca na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. A proeza tem nome, trata-se da performance "Les Traceurs", dirigida pelo coreógrafo e diretor do Teatro Chaillot em Paris, Rachid Ouramdane. Sua apresentação mais famosa aconteceu em 2017 quando o funâmbulo fez o percurso da Torre Eiffell ao Trocadéro.

A performance, que conta com textos e trilha sonora do compositor francês Jean-Baptiste Julie, tem uma relação intimaa com a Natureza, como conta o diretor do espetáculo. "É sempre uma questão de teatralizar a paisagem. Claro que há Nathan que evolui na corda, que faz esta coisa prodigiosa de caminhar nos ares. Escutaremos seu depoimento, foi nisso que trabalhei com ele, coletando sua experiência e o que significa para ele fazer isso, sua filosofia de vida, sua sensibilidade", diz o experiente Rachid Ouramdane.

"Achei importante que o espectador pudesse ouvir essa intimidade, essa sensibilidade dessa pessoa suspensa nos ares, porque parece muito eloquente, mas é um garoto que compartilha conosco sua fragilidade, sua simplicidade e sua humildade face à paisagem e tudo o que lhe cerca", avalia o diretor da performance. "Minha direção focou na narrativa desse garoto que precisa dessa paisagem e do ar para se sustentar. Quis também que o espectador olhasse uma paisagem muito conhecida de uma maneira diferente", diz.

Mas para Rachid Ouramdane, trata-se também de uma celebração. "Cada paisagem nos conta alguma coisa. No caso do Rio, ficar de frente para o mar evoca sempre uma certa narrativa, uma viagem, uma imensidão, a noção da travessia, uma carga expressiva que vem dar apoio a Nathan. Fazia muito tempo que não nos apresentávamos na Natureza, e acho que celebrar esse mundo natural que nos cerca será um pouco a particularidade dessa travessia", sublinha.

Para o equilibrista, o highliner Nathan Paulin, "a escolha do lugar se fez naturalmente." "Não conhecia o Rio, é minha primeira vez no Brasil. A grande particularidade que a cidade tem é o fato de estar misturada a um ambiente natural, o oceano, a floresta, as montanhas, com imóveis que se estendem até a praia, com falésias de cada lado.

"A grande dificuldade na verdade é a distância", diz o acrobata e artista. "São 500 metros de travessia, é complicado para instalar o material e também do ponto de vista administrativo, para conseguir a autorização para executar o percurso, porque há zonas militares e outras que pertencem à cidade. Mas é ideal para a prática do highline, porque temos uma grande altura e as falésias", avalia.

Dos Alpes para o Rio de Janeiro

O funâmbulo e performer francês Nathan Paulin descobre o Rio de Janeiro do alto das falésias da Praia Vermelha. "Venho das montanhas de Haut Savoie, nos Alpes. Nasci num vilarejo de montanha e nunca tinha viajado antes de começar a praticar o highline. Tive a sorte de ir com frequência à Asia, mas é a primeira vez na minha vida que venho ao continente americano, e, mais especificamente, sul-americano. Eu já conhecia as montanhas do Brasil por meio dos funâmbulos brasileiros. Acho legal que o Brasil é o país do mundo onde há o maior número de praticante do highline."

Mas o que acontece se o equilibrista despenca do alto de 80 metros, em cima de uma corda? "A queda é feita com segurança. É impressionante de se ver, mas, depois que acontece, as pessoas entendem que estou bem amarrado aos cabos. A queda faz parte do meu treinamento. Durante a performance, pode acontecer, já fiz espetáculos onde caía. Mas, normalmente, as quedas servem mais para criar um momento de emoção ou de medo no espectador", explica Paulin.

"Hoje prefiro mostrar o lado poético, a leveza, mais do que esse lado perigoso, da morte que fica subliminar. Nesta travessia, sou dirigido por Rachid Ouramdane, que é o coreógrafo, executo gestos clássicos da minha disciplina, mas dessa vez há um texto que será ouvido, o público vai me ver ao longe, mas terá a impressão de que estou perto, eu conto as razões porque faço aquela travessia naquele lugar", conta o equilibrista.

A performance Les Traceurs, que tem o apoio do Institut Français, da Aliança Francesa e do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, acontece neste sábado (4) no Rio e depois segue para Fortaleza.