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Suposto membro do comando que assassinou jornalista saudita Khashoggi é preso na França

07/12/2021 15h22

Um homem suspeito de integrar o grupo que assassinou o jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018 foi preso nesta terça-feira (7) em Paris, indicaram fontes judiciais e aeroportuárias. Ele deve ser apresentado em breve ao tribunal de apelação da capital francesa.

Foi a polícia de fronteira do aeroporto Roissy Charles-de-Gaulle, na periferia de Paris, quem deteve Khalid Alotaibi, de 33 anos. Ele estava prestes a embarcar para Riade, capital da Arábia Saudita, informou uma fonte próxima ao caso.

Segundo uma fonte judicial, após ter sua identidade confirmada, Alotaibi deve comparecer na quarta-feira (8) ao tribunal de apelação de Paris. Os magistrados comunicarão o mandado de prisão internacional do suspeito, solicitado pela Turquia. 

Alotaibi é um suposto membro de um comando de cerca de 15 sauditas enviados ao consulado de Istambul em 2 de outubro de 2018 para executar Khashoggi e dissimular as provas de seu assassinato, segundo documentos dos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido. 

O suspeito pode recusar a extradição à Turquia até que o pedido seja oficializado. Neste caso, o Ministério Público da França poderá determinar sua permanência no país, em liberdade ou sob controle judicial. A corte de apelação deve se pronunciar sobre a extradição "em algumas semanas". 

Encontro entre Macron e o príncipe saudita

A prisão de Alotaibi aconteceu três dias depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu com o príncipe saudita Mohamed bin Salman, durante um criticado encontro em Jidá, com o objetivo de encontrar uma saída à crise diplomática entre a Arábia Saudita e o Líbano. 

Durante viagem pelos países do Golfo, o chefe de Estado francês defendeu o diálogo com Riade para "trabalhar pela estabilidade da região", embora tenha especificado, referindo-se ao assassinato de Khashoggi, que isso não significa ser "complacente".

"Conversamos sobre tudo sem tabus. Também, evidentemente, da questão dos direitos humanos. Foi uma troca franca", declarou Macron.

Segundo o presidente francês, o encontro com o príncipe herdeiro - um dos primeiros de um dirigente ocidental desde a execução de Khashoggi - era "necessário", devido ao "peso demográfico, econômico, histórico e religioso" da Arábia Saudita. 

Restos mortais nunca encontrados

Jamal Khashoggi era um grande crítico do regime saudita e trabalhava para o jornal americano The Washington Post. Ele foi morto e esquartejado no consulado de seu país em Istambul por um comando de agentes sauditas. Seus restos mortais nunca foram encontrados. 

Um dos relatórios elaborados pelos serviços de inteligência americanos acusa Mohamed bin Salman de ter "validado" o bárbaro assassinato. Depois de negar o crime, Riade admitiu que agentes sauditas, que teriam agido sozinhos, eram responsáveis pela morte do jornalista. 

No final de um opaco processo na Arábia Saudita, cinco pessoas foram condenadas à morte e três a penas de prisão.

(Com informações da AFP