Variante ômicron dispara e causa ansiedade antes do Natal no Reino Unido

O país registrou o maior número de contaminações na sexta-feira, 17 de dezembro, com 93 mil novos casos positivos. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, lançou um protocolo de "incidente grave" neste sábado (18). Enquanto isso, o governo considera mais restrições, enquanto os britânicos se preocupam, temendo um segundo cancelamento consecutivo no Natal.

Marie Boëda, correspondente da RFI em Londres

Claire caminha a toda velocidade pelas ruas da capital. Sacolas de presentes cercam seu bebê recém-nascido, confortavelmente instalado em seu carrinho. No ano passado ela não pôde comemorar o Natal: "Cancelamos o que planejávamos fazer. Nós fazemos testes todos os dias. Tomamos todas as precauções que podemos para garantir que passemos o Natal juntos."

Mesma luta é a de Rose, 79, mascarada, com sua terceira dose da vacina no braço. Ela também adiou a maioria de seus encontros e compromissos. Seu objetivo: passar o Natal com a família. "Provavelmente seremos sete, mas estaremos em uma casa grande. E as janelas e portas ficarão abertas o tempo todo. Acho que as pessoas têm muito mais bom senso do que imaginam. Certamente temos mais bom senso do que nosso governo", critica.

"Tivemos que cancelar, por medo de transmitir o vírus"

Para Alex, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson deveria aumentar as restrições. Preocupado, ele celebrará o Natal em um pequeno grupo: "Íamos ao País de Gales na próxima semana para ver minha irmã e meu cunhado, mas tivemos que cancelar tudo isso. Tínhamos medo de passar o vírus para eles porque podíamos ser assintomáticos. Ou eles poderiam passar para nós".

Alex concordou em ver seu sobrinho, mas apenas se ele se testasse todos os dias. O problema é que está cada vez mais difícil comprar testes no Reino Unido, com as farmácias sem estoque.

Neste sábado, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que "o aumento do número de casos da variante ômicron em Londres é muito preocupante". Isso o levou a declarar, pela segunda vez desde o início da pandemia, um "incidente grave". A última vez que o procedimento foi acionado foi no dia 8 de janeiro, quando hospitais da capital foram ameaçados de inundação.

Este procedimento de alerta envolve uma resposta coordenada dos serviços públicos. Muitos deles, como hospitais, bombeiros ou policiais, se deparam com a falta de pessoal devido às ausências causadas pelo vírus.

Novas restrições depois do Natal?

De acordo com o município, Londres registrou 65.525 novos casos de Covid-19 nos últimos sete dias, incluindo 26.418 nas últimas 24 horas. A agência de segurança de saúde britânica disse que mais de 10.000 novos casos confirmados da variante ômicron foram detectados, elevando o total para quase 25.000.

Desde o início da pandemia, 147.000 pessoas morreram no Reino Unido de Covid-19. Sadiq Khan pediu a todos os londrinos que fossem vacinados. E, de acordo com vários meios de comunicação britânicos, o governo planeja proibir aglomerações em recinto fechado após o Natal por duas semanas, na tentativa de quebrar a onda de contaminação.