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Tonga: primeiras imagens após erupção de vulcão submarino mostram devastação no arquipélago

18/01/2022 13h12

As primeiras imagens de Tonga após a erupção de um vulcão que desencadeou um tsunami mostravam, nesta terça-feira (18), a devastação no arquipélago do Pacífico, coberto por cinzas e com danos significativos.

O território ficou praticamente isolado do restante do mundo pela erupção do vulcão submarino, que cortou o cabo de conexão da internet da ilha, que agora depende do sinal irregular dos telefones via satélite.

A monumental coluna de fumaça do vulcão atingiu uma altura de 30 quilômetros e espalhou cinzas, gás e chuva ácida por uma ampla área do Pacífico.

Três dias após a erupção, o número de vítimas da tragédia e a situação no terreno ainda são desconhecidos. As autoridades da Nova Zelândia confirmaram duas mortes na ilha, citando a polícia local.

Uma das vítimas é uma britânica que foi arrastada pelo tsunami. Seu corpo foi recuperado.

Em um comunicado nesta terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que seu delegado local, o médico Yutaro Setoya, está "dirigindo as comunicações entre as agências da ONU e o governo tonganês".

"O telefone via satélite do dr. Setoya é uma das poucas fontes de informação", afirmou o organismo, acrescentando que o médico fica o dia todo fora de casa tentando captar sinal.

A OMS informou que, na ilha principal de Tonga, Tongatapu, há pelo menos 50 casas destruídas e 100 danificadas. A agência da ONU  também alertou que as emissões do vulcão geram temores de contaminação da água e dos alimentos.

"O governo recomendou que as pessoas fiquem em casa, usem máscara se saírem e bebam água engarrafada".

As imagens de satélite mostram que o vulcão submarino localizado ao norte do arquipélago voltou a ficar submerso e apenas duas ilhotas de lava surgiram.

"O que vimos acima do mar, que agora foi coberto, foi apenas a ponta do vulcão que emergiu de uma enorme estrutura submarina", explicou a especialista Heather Handley, da Universidade Monash.  

Sinal de ajuda

As agências de emergência relataram "grandes danos" em Tonga após a erupção, mas a situação geral ainda é desconhecida. A pista do aeroporto ainda está cheia de rochas que impedem o pouso dos aviões militares australianos.

A capital do território, Nuku'alofa, foi coberta por dois centímetros de cinza e poeira vulcânicas. O sistema interno de telefonia foi restaurado, mas as comunicações internacionais continuam cortadas.

O calçadão da capital foi "muito danificado pelas rochas e pelos detritos arrastados pelo tsunami", disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

O OCHA também informou que os voos de reconhecimento confirmaram "danos materiais substanciais" nas ilhas Mango e Fonoi.

"Um sinal de socorro ativo foi detectado em Mango", relatou o OCHA. A ilha tem cerca de 30 habitantes, segundo o censo de Tonga.

Dois biólogos mexicanos ficaram presos em Tonga, embora estejam fora de perigo. Agora, o governo e suas famílias tentam tirá-los de lá, segundo o Ministério das Relações Exteriores do México.

Imagens divulgadas pelo Centro de Satélites da ONU mostram o impacto da erupção e do tsunami na pequena ilha de Nomuka, uma das mais próximas do vulcão Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai.

Coronavírus

As Nações Unidas garantiram na terça-feira que tentariam manter as ilhas de Tonga a salvo da pandemia de coronavírus durante as operações de ajuda.

"Tonga é um país com zero Covid", disse Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. "Eles têm protocolos muito rígidos para isso. Uma das primeiras regras da ação humanitária é não causar danos", disse ele. "Por isso, queremos ter a certeza absoluta de que todos os protocolos necessários para entrar no país serão respeitados", acrescentou.

Tonga relatou recentemente seu primeiro e único caso de coronavírus. Sessenta por cento da população do país, de mais de 100.000 pessoas, está totalmente vacinada contra a Covid-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A OMS disse na terça-feira que cabe às autoridades do país definir suas prioridades, entre manter seus regulamentos anti-Covid e obter a ajuda urgente de que precisam.

Envio de ajuda

Austrália e Nova Zelândia, que enviaram aviões de reconhecimento Orion para sobrevoar a área, prepararam remessas de ajuda para Tonga.

A água é uma das prioridades, disse o ministro da Defesa da Nova Zelândia, Andrew Bridgman, devido ao risco de contaminação das fontes. A Cruz Vermelha informou que enviará 2.516 contêineres de água, e a França, que tem vários territórios na Polinésia, prometeu enviar ajuda "urgente" ao povo de Tonga.

As principais agências de resgate, que geralmente vêm com ajuda humanitária de emergência, disseram que estão paralisadas, incapazes de entrar em contato com sua equipe local. "Das poucas atualizações que temos, a magnitude da devastação pode ser imensa", disse Katie Greenwood, da seção regional da Cruz Vermelha.

E, mesmo quando os esforços começarem, poderão ser complicados pelas restrições de entrada por causa da Covid-19.

A erupção de sábado foi ouvida até no Alasca, provocando um tsunami que inundou a costa do Pacífico do Japão aos Estados Unidos e atingiu a América do Sul.

No sábado, duas mulheres no Peru morreram arrastadas pelas ondas.

A erupção danificou um cabo de comunicação submarino entre Tonga e Fiji que, segundo os operadores, levará duas semanas para ser reparado.

(Com informações da AFP)