Morte "besta" de ator prodígio em pista de esqui deixa cinema francês em choque
O "rosto de anjo" do ator Gaspard Ulliel estampa as capas dos jornais franceses desta quinta-feira. O artista, duas vezes recompensado com o prêmio César, o Oscar francês, morreu nesta quarta-feira aos 37 anos, depois de sofrer um grave acidente ao praticar esqui nos Alpes franceses.
A imprensa saúda em peso a perda de uma joia da nova geração de atores franceses. Le Parisien homenageia "o filho prodígio do cinema nacional". Ulliel, que "encarnava a beleza e o talento", segundo o jornal, começou a carreira aos 13 anos. A consagração veio em 2017, quando ganhou o César de melhor ator pela atuação em É apenas o fim do mundo, de Xavier Dolan - Ulliel que, 12 anos antes, já havia conquistado um César de ator mais promissor, por Eterno Amor.
"Popular, sem ser uma estrela do cinema, discreto, às vezes misterioso, o ator havia atuado o seu melhor papel ao encarnar Yves Saint Laurent", celebra o Figaro, afirmando que "ele vai fazer falta à sétima arte".
Timidez era parte do charme
Ao Libération, que dedica a capa e quatro paginas para prestigiar o ator, Bertrand Bonello, diretor do longa Yves Saint Laurent, ressalta a "elegância intelectual e moral" do ator, de quem se tornou amigo. Bonello destaca a "gentileza, a doçura e a generosidade extremamente raras" de Ulliel, que às vezes poderia passar a impressão de frieza, observa o diretor, mas nada mais era do que um pouco de timidez de um artista que tinha uma certa dificuldade em se projetar em frente aos holofotes.
Filho de uma estilista e um designer, ele cresceu no mundo da moda, relata o Libération. Adulto, tornou-se o rosto dos perfumes da maison Chanel, que também lamentou a perda repentina do seu "embaixador há mais de 12 anos".
"Inimaginável, insuportável, Ulliel encontrou a morte numa curva de uma pista" classificada como de risco médio, onde os acidentes eram raríssimos, lembra o Parisien. Na tarde de terça-feira, o ator se chocou com outro esquiador no cruzamento entre duas pistas de La Rosière, conhecida estação de esqui perto da Itália, e não sobreviveu aos ferimentos.
"Um roteiro péssimo", compara o Figaro, afirmando que "essa morte não é uma metáfora idiota - 'viver rápido, morrer jovem'. É apenas o fim brutal, besta e triste de um ator misterioso e popular ao mesmo tempo", frisa o diário.
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