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Burkina Fasso: após dia de confusão, militares anunciam dissolução do governo

24/01/2022 16h02

Após um dia de confusão em Burkina Fasso, militares anunciaram nesta segunda-feira (24) ter colocado fim ao governo do presidente Roch Marc Christian Kaboré e a suspensão das principais instituições do país. Os Estados Unidos e a União Europeia pedem a liberação imediata do chefe de estado. 

Em rede nacional de televisão, o capitão Sidsore Kader Ouedraogo afirmou que o governo e a Assembleia Nacional de Burkina Fasso foram dissolvidos.

Na declaração, o capitão afirmou que "o Movimento patriótico burquinabê (MPSR) decidiu assumir suas responsabilidades diante da história, da comunidade nacional e internacional. O movimento que reagrupa todas as forças de defesa e de segurança decidiu colocar fim ao poder de Roch Marc Christian Kaboré em 24 de janeiro de 2022".

Um toque de recolher foi instaurado no país entre 21h e 5h, e as fronteiras do país foram fechadas.

Os soldados amotinados no quartel de Uagadugu, capital do país, manteriam prisioneiro o presidente Kaboré, o chefe do Parlamento e alguns ministros.

Washington pediu a "liberação imediata" do presidente Kaboré e o "respeito à Constituição" e "aos dirigentes civis" do país. "Nós incitamos todas as partes dessa situação instável, a manter a calma e a buscar o diálogo para resolver seu sofrimento", disse um porta-voz da diplomacia americana.  

Mais cedo, a União Europeia já havia pedido a liberação de Kaboré, e a União Africana condenara a "tentativa de golpe de estado". 

Confusão

A confusão reinava em Burkina Fasso nesta segunda-feira após fontes militares afirmarem que o presidente Kaboré tinha sido preso. Mas outras fontes indicavam que ele tinha escapado de uma tentativa de assassinato e que estava sob proteção.

Sem informação, uma multidão se reuniu na Praça da Nação em Uagadugu para esperar uma declaração oficial sobre a situação, como constatou o correspondente da RFI na capital burquinabê. 

"Desde hoje de manhã que a situação se arrasta, não sabemos o que está acontecendo. Se alguma coisa está acontecendo que nos digam a verdade", disse uma mulher à RFI. 

"Não sei o que está acontecendo, mas sinto que as coisas vão sair bem. Estamos otimistas", disse um homem que também esperava embaixo do sol. 

Motim 

Desde domingo, os militares estão em revolta em diversas partes do país. Eles exigiam a renúncia dos chefes do Exército e pediam mais recursos para combater os jihadistas.

Na noite de domingo, foram ouvidos tiros perto da residência do chefe de Estado, e um helicóptero sobrevoou a área com todas as luzes apagadas, segundo moradores.

Kaboré estava no poder desde 2015 e foi reeleito há dois anos com a promessa de tornar prioridade a luta contra os extremistas no país. No entanto, seu governo sofria rejeição da população. Nos últimos meses, houve várias manifestações de protesto no país para denunciar a incapacidade das autoridades de conter o número crescente de atentados jihadistas.