Polícia de Londres investiga festas na residência de Boris Johnson durante lockdown

A Polícia Metropolitana de Londres anunciou nesta terça-feira (25) que vai investigar as várias festas realizadas na residência oficial de Boris Johnson, em Downing Street, que violaram as regras de lockdown em vigor. O inquérito aumenta a pressão sobre o premiê, que tenta manter seu cargo.

A chefe de polícia Cressida Dick afirmou que serão investigadas todas as infrações às regras de restrição de circulação nas dependências do governo britânico nos últimos dois anos.

O anúncio da investigação policial acontece no dia seguinte da revelação de uma nova festa clandestina - e de um novo escândalo envolvendo o nome do premiê.

De acordo com uma reportagem do canal televisivo iTV, Johnson participou de uma festa organizada por sua esposa Carrie para comemorar seu aniversário com cerca de 30 pessoas. A festa teria acontecido em junho de 2020, quando o Reino Unido passava por seu primeiro lockdown e reuniões como esta estavam proibidas.

Como justificativa, um porta-voz de Downing Street afirmou que o primeiro-ministro teria ficado "menos de 10 minutos" em uma celebração com pequeno número de familiares.

O caso é apenas a cereja do bolo de um escândalo que inclui uma festa com música regada à álcool nos jardins da residência oficial quando o país acumulava regras de restrições sanitárias e o luto do príncipe Philip em abril de 2021.

Sem exceções

Boris Johnson pediu desculpas pelo ocorrido à rainha Elisabeth, mas a polícia vinha sendo muito criticada por não investigar retroativamente supostas infrações das regras anticovid.

As autoridades eram acusadas de fechar os olhos para as evidências de várias festas celebradas em Downing Street, apesar da presença permanente de policiais na entrada.

A sensação na Inglaterra é de que a regra imposta a toda população não valia entre os membros do governo.

"Os cidadãos esperam, com razão, que a polícia defenda a lei, sem medo ou favorecimentos, independente de quem afeta", declarou o prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan.

Boris Johnson prometeu que vai cooperar plenamente com a investigação. O premiê acredita, de acordo com seu porta-voz, não ter infringido nenhuma lei.

Dias de luta

Não há previsão de data para a conclusão das investigações policiais. No entanto, o relatório final de outro o inquérito sobre as festas conduzido pela funcionária de alto escalão do governo, Sue Grey, deve ser publicado nos próximos dias.

A investigação interna foi uma medida tomada pelo governo conservador para tentar manter o posto de Boris Johnson. Contudo, diversos deputados, opositores e governistas, continuam a pedir a renúncia do premiê.

Em entrevista à rede britânica BBC, o líder conservador escocês Douglas Ross afirmou que "cada vez mais colegas estão frustrados com estes vazamentos constantes, de mais e mais provas" e concluiu pedindo novamente a renúncia de BoJo, como é chamado o premiê.

O ex-assessor do primeiro-ministro suspeito de estar na origem de algumas das últimas revelações, Dominic Cummings, já avisou que novas "histórias prejudiciais" podem vir à tona, se Johnson não renunciar.

(Com informações da AFP)