Topo

Com alta da inflação e de olho na eleição presidencial, franceses vão às ruas exigir melhores salários

27/01/2022 18h32

Dezenas de milhares de trabalhadores do setor privado, funcionários públicos, aposentados e estudantes se manifestaram na França nesta quinta-feira (27) para exigir salários mais altos em meio a preocupações com a perda de poder aquisitivo. Os protestos acontecem a menos de três meses da eleição presidencial.

Os sindicatos CGT, FO, FSU e Solidaires convocaram cerca de 170 manifestações em todo o país, nas quais participaram "mais de 150.000 pessoas", segundo a CGT. O ministério do Interior contabilizou 89 mil manifestantes. A mobilização sindical anterior, em 5 de outubro, reuniu cerca de 85.000 pessoas, de acordo com o Ministério do Interior (mais de 160.000 segundo o balanço da central sindical).

Os organizadores dos protestos reivindicam o aumento do salário mínimo e do ponto de indexação dos servidores públicos. Eles também pedem um reajuste das remunerações no setor privado e dos benefícios e pensões, em um contexto de aumento do custo de vida.

De acordo com o instituto de estatísticas francês Insee, a inflação no país registrou em 2021 seu nível anual mais alto desde 2018, impulsionada pelos preços de energia e gás.

"Atualmente, muitos trabalhadores ativos e muitos aposentados têm problemas para encontrar moradia, aquecimento ou se locomover" e "a resposta não pode ser... remendos de última hora", disse Yves Vyrier, do sindicato FO. O sindicalista faz alusão ao anúncio em outubro de uma série de medidas temporárias para aliviar o aumento dos preços da energia. Uma das iniciativas ou a criação de uma "compensação da inflação" sob forma de um pagamento único de € 100 (cerca de R$ 650) efetuado para todos que ganham menos de € 2 mil (quase R$ 13 mil) por mês.

Os sindicatos lamentam que não tenha havido aumento do salário mínimo durante o mandato do presidente Emmanuel Macron, além dos reajustes automáticos, e que a indexação também não tenha aumentado.

Em Paris cortejo saiu no meio da tarde da praça da Bastilha em direção ao bairro de Bercy, onde fica o ministério da Economia. A passeata, que acontece em clima de campanha eleitoral, contou com a participação do líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, dos representante dos ecologistas, Yannick Jadot, e dos comunistas, Fabien Roussel, todos na corrida eleitoral e críticos ferrenhos da gestão de Emmanuel Macron.

Professores criticam gestão da pandemia  

As principais palavras de ordem ouvidas nas ruas eram "Tudo aumenta, menos os nossos salários!". No entanto, a mobilização também contou com a participação de professores que contestam a gestão da crise sanitária nas escolas. Eles criticam os diferentes protocolos sanitários anunciados pelo governo, que insiste em manter as escolas abertas apesar da aceleração das contaminações pela Covid-19, com mais de 300 mil novos casos registrados diariamente há semanas no país.

Essa foi terceira quinta-feira consecutiva de protesto de professores. No entanto, a jornada de mobilização não teve a adesão esperada pelos sindicatos.

Segundo estatísticas oficiais, menos de 10% dos professores do ensino básico se declararam grevistas nesta quinta-feira. Entre os demais servidores, o índice de funcionários públicos que parou de trabalhar não chegou a 5%.

(Com informações da AFP)