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Coreia do Norte lança novos mísseis e pode retomar testes nucleares

27/01/2022 07h31

A Coreia do Norte voltou a fazer testes militares e disparou na manhã desta quinta-feira (27) dois mísseis balísticos. Este é o sexto teste de armas realizado pelo país neste ano. O anúncio foi feito pelas Forças Armadas da Coreia do Sul.
 

Segundo um comunicado do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, o país detectou dois supostos mísseis balísticos de curto alcance, que foram disparados a partir da cidade de Hamhung, em direção ao Mar do Leste, por volta das 8h locais (20h de Brasília, quarta-feira), e "viajaram 190 quilômetros a uma altura de 20 quilômetros".

A última vez que a Coreia do Norte testou tantas armas em um mês foi em 2019, após fracasso das negociações entre o líder Kim Jong Un e o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde então, as negociações com os Estados Unidos estagnaram e a economia do país sofreu com duras sanções internacionais e as medidas para conter a pandemia de Covid-19.

Pyongyang disparou dois mísseis de cruzeiro na terça-feira passada e realizou pelo menos quatro testes de armas adicionais este mês, incluindo de dois mísseis chamados "hipersônicos", nos dias 5 e 11 de janeiro. Na semana passada, a Coreia do Norte sugeriu a retomada dos testes de armas nucleares e de longo alcance, suspensos desde 2017. 

Desde então, Pyongyang não realiza testes de mísseis balísticos intercontinentais ou nucleares e tem respeitado uma moratória autoimposta, mesmo após o congelamento de seu diálogo com os Estados Unidos. A série de testes gerou condenações internacionais e motivou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

O governo dos Estados Unidos também anunciou novas sanções em resposta aos testes. Em reação, o governo norte-coreano disse, na semana passada, que retomaria seus testes de armas nucleares e de longo alcance. Pyongyang não realiza testes de mísseis balísticos intercontinentais ou nucleares desde o fracasso das discussões com os EUA. 

Novas capacidades

Os testes ocorrem em um momento delicado na região, com a China, o grande aliado da Coreia do do Norte, se preparando para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno, em fevereiro. Já a Coreia do Sul organiza suas eleições presidenciais em março.

"O regime de Kim desenvolve uma variedade impressionante de armas, apesar dos recursos limitados e dos sérios desafios econômicos", comentou Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.

"Certos testes norte-coreanos visam a desenvolver novas capacidades, especialmente para evitar as defesas antimísseis", acrescentou Easley. "Outros lançamentos buscam mostrar a preparação e versatilidade das forças de mísseis que a Coreia do Norte já usou." 

No poder há uma década, Kim Jong-un está á frente de uma economia duramente afetada pela Covid. O país enfrenta uma escassez grave de alimentos, agravada pelas sanções internacionais adotadas pela comunidade internacional em resposta ao seu programa militar. 

Apesar das consequências dessa estratégia, a Coreia do Norte multiplicou os testes nas últimas três semanas. Essa demonstração de poder militar oferece ao líder norte-coreano uma vitória política antes de vários aniversários locais. O país se prepara para comemorar o 80º aniversário de nascimento do pai de Kim, o falecido Kim Jong Il, em fevereiro, e do 110º aniversário de seu avô, Kim Il Sung, em abril.

A Coreia do Norte também provavelmente fará testes antes dos Jogos de Inverno de Pequim, que começam na próxima semana. O país deve fazer uma pausa em suas demonstrações militares em consideração à China, sua aliada.

(Com informações da AFP)