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Milhares se despedem de monge e ativista vietnamita, criador do conceito de "consciência plena"

29/01/2022 10h27

Milhares de despediram neste sábado (29) do monge budista e ativista pela paz Thich Nhat Hanh, um dos líderes religiosos mais influentes do mundo, a quem se atribui a divulgação no Ocidente do conceito de "mindfulness", ou consciência plena.

O mestre zen morreu na semana passada aos 95 anos no berço do budismo vietnamita, Hue, na região central do país.

Thich Nhat Hanh foi uma das figuras mais conhecidas do budismo ao lado do Dalai Lama e foi um ativista incansável pela paz, com a divulgação do conceito de "consciência plena" nos países ocidentais.

Um comboio de centenas de carros e motos, muitos decorados com flores, escoltou o caixão com corpo de Thich Nhat Hanh de um pagode até o local da cremação. Ao longo das ruas de Hue, os moradores se ajoelharam na passagem do funeral.

O corpo foi levado para o local da cremação na manhã de sábado, seguido por uma procissão de dezenas de milhares de pessoas que cantaram preces budistas. Muitos monges estavam entre a multidão.

"Temos que nos despedir do mestre. Ele tem um papel importante na vida da minha família, nos ajudando nos momentos mais difíceis", declarou Do Quan, que viajou de Hanói com a mulher e o filho.

O monge, a quem era atribuída a apresentação e promoção no Ocidente da terapia de meditação "mindfulness", a consciência do momento presente, faleceu na semana passada.

Ele nasceu em 1926 e foi ordenado aos 16 anos. Ele foi enviado a uma escola onde treinou voluntários para construir clínicas e infraestrutura em cidades atingidas pela guerra.

Oposição à guerra do Vietnã

No início da década de 1960 viajou aos Estados Unidos e deu aulas nas universidades de Columbia e Princeton. Mas depois de uma viagem, em 1966, em que se encontrou com o ativista pelos direitos civis Martin Luther King, que se uniu a seus pedidos pelo fim da guerra do Vietnã, o monge foi impedido de retornar ao seu país.

Um ano depois, King indicou Thich Nhat Hanh para o Prêmio Nobel da Paz, ao escrever uma carta ao comitê na qual destacava a "tremenda capacidade intelectual" do monge.

Sua oposição total à guerra do Vietnã rendeu a inimizade dos dois lados e o deixou no exílio por quatro décadas. Ele só conseguiu retornar ao país em 2018, sob rígido controle e vigilância da polícia.

"Não entendo por que mesmo agora o Estado vietnamita não envia seus principais líderes para prestar homenagem a este grande homem", disse um devoto que se identificou apenas como Nam.

"Ele merecia muito mais", completou.

O respeitado mestre será cremado dentro de dois dias e as cinzas serão espalhadas entre Tu Hieu e vários centros de meditação de todo o mundo.