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Emmanuel Macron troca governo e nomeia Elisabeth Borne como primeira-ministra

16/05/2022 13h21

Reeleito para seu segundo mandato há três semanas, o presidente francês Emmanuel Macron (LREM) anunciou nesta segunda-feira (16) a troca de seu chefe de governo. Jean Castex deixa o posto de primeiro-ministro e será substituído por Elisabeth Borne, até então ministra do Trabalho. Borne será a primeira mulher em três décadas a liderar o governo francês.

Na tarde desta segunda, Jean Castex foi até o Palácio do Eliseu entregar sua carta de demissão ao presidente. O ato simbólico era apenas protocolar, desde o dia 24 de abril, após o segundo turno, a França aguardava o nome do novo primeiro-ministro.

Reeleito com apoio crucial do eleitorado de esquerda, o presidente de centro-direita tinha um quebra-cabeça a resolver: encontrar um nome que mostrasse compromisso com a ecologia e com as questões sociais sem desagradar seus apoiadores da direita.

Ao longo de duas semanas, a única informação que parecia certa era a escolha de uma mulher, uma espécie de sinal para reforçar a bandeira macronista da luta pela igualdade de gêneros. Borne será a primeira mulher a assumir o cargo em 30 anos.

Na lista de possibilidades desde o início, a ministra do Trabalho parecia se encaixar em muitas das características desejadas. Funcionária pública de carreira, Borne foi por muitos anos próxima dos socialistas, sendo conselheira dos ministros socialistas Lionel Jospel e Jack Lang e chefe de gabinete de Ségolène Royal no Ministério da Ecologia.

Depois disso, aderiu ao partido de Macron (República em Marcha) e assumiu o ministério dos Transportes. Ao longo dos cinco anos do primeiro mandato do presidente, ela passou pelo Ministério da Transição ecológica e solidária e, em 2020, foi nomeada à chefia do ministério do Trabalho, do Emprego e da Inserção, durante o governo de Castex.

Borne é percebida como um nome de pouco brilho político, que não deve fazer sombra a Macron, ao mesmo tempo que é conhecida por seu rigor e sua lealdade.

Ela deverá escolher seu novo governo nos próximos dias, momento em que a França se prepara para eleger uma nova Assembleia Legislativa. Entre seus desafios, estão a defesa de uma reforma da previdência e um novo plano de transição ecológica para o país, que enfrenta a crise de gás devido à guerra na Ucrânia.

Edith Cresson, a única a ter ocupado o cargo (1991-1992) durante a presidência do socialista François Mitterrand, deseja a ela "muita coragem" dentro de uma classe política "machista".

Merci, "senhor desconfinamento"

Chefe do governo francês desde julho de 2020, Jean Castex esteve à frente da França durante 22 meses de emergência sanitária e ficou conhecido como "Senhor Desconfinamento", por ter sido o responsável por implementar a saída da França de sua fase com maiores restrições sanitárias.

Em uma mensagem de agradecimento após a demissão do governo Castex, Macron reconheceu seu governo "apaixonado e comprometido a serviço da França. Sejamos orgulhosos do trabalho realizado e dos realizados obtidos juntos", afirmou o líder do Eliseu.

Castex, que deixou a prefeitura de uma pequena cidade no sudeste do país para assumir a chefia do governo Macron, anunciou que vai abandonar a política nacional. Seus planos são de voltar para sua casa nos Pirineus e renovar a pintura de suas persianas, disse em uma longa entrevista ao jornal Le Parisien.

Estas confidências resumem bem a imagem deixada pelo antigo primeiro-ministro, a de um homem simpático e próximo da vida cotidiana dos franceses.

A decisão contraria a vontade do presidente, que pensava em colocá-lo em um ministério de caráter social, como a Educação, onde Macron e, agora, Borne terão um problema a resolver.