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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Zelensky deve pedir em Davos entrada rápida da Ucrânia na União Europeia, mas França recusa

Zelensky prepara sua intervenção que será feita por videoconferência diante da assembleia do Forum Econômico de Davos, na Suíça - Presidência da Ucrânia
Zelensky prepara sua intervenção que será feita por videoconferência diante da assembleia do Forum Econômico de Davos, na Suíça Imagem: Presidência da Ucrânia

22/05/2022 14h08

Há quase três meses do início da ofensiva, a Rússia continuou neste domingo (22) os bombardeios no sudeste da Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fará um discurso na abertura do Fórum Econômico de Davos, na segunda-feira (23), quando deve pedir ajuda internacional a seu país.

Neste domingo (22), Paris jogou um balde de água fria nas expectativas de Kiev sobre uma possível entrada da Ucrânia na UE (União Europeia), afirmando que a adesão levará "sem dúvida 15 ou 20 anos".

Zelensky prepara sua intervenção que será feita por videoconferência diante da assembleia do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, que começa na segunda-feira após dois anos de interrupção devido à covid-19.

O presidente ucraniano será o primeiro chefe de estado a fazer um discurso no encontro. Responsáveis políticos ucranianos estarão presentes em pessoa no Fórum, enquanto os russos foram excluídos.

Zelensky deve aproveitar o palanque para incitar o mundo a fornecer mais ajudas à Ucrânia, tanto financeiras quanto militares. O presidente ucraniano pode também reiterar o pedido feito por Kiev sobre uma adesão à União Europeia, uma "prioridade", segundo ele.

Adesão demorada

Mas Paris descartou novamente, neste domingo, uma adesão a curto prazo da Ucrânia.

"Temos que ser honestos (...) Se dizemos que a Ucrânia vai entrar na UE em seis meses, um ano ou dois anos, estamos mentindo. Não é verdade. Será sem dúvida 15 ou 20 anos, é muito longo (o processo)", afirmou o ministro francês responsável de Assuntos Europeus Clément Beaune.

Mas a participação na comunidade política europeia, proposta no começo de maio pelo presidente francês Emmanuel Macron, é "complementar à UE" e "pode oferecer um projeto político e concreto aos países que não estão na UE e que querem se aproximar de nós", garantiu o ministro.

Uma perspectiva que foi friamente acolhida em Kiev e que divide os países membros do bloco. O chefe da diplomacia ucraniana Dmytro Kuleba denunciou, na quinta-feira (19), o que chama de "tratamento de segunda classe" da parte de "certas capitais".

Sábado, o presidente Zelensky foi claro: "nós não precisamos de alternativas à candidatura da Ucrânia à União Europeia, nós não precisamos destes compromissos" com a Rússia.

Domingo, diante do Parlamento ucraniano, o presidente polonês Andrzej Duda afirmou que não abandonaria os esforços "enquanto a Ucrânia não for membro da UE", lamentando que "vozes tenham se levantado recentemente na Europa para pedir que a Ucrânia aceite certas exigências de Putin".

"Se para a própria tranquilidade, interesses econômicos ou ambições políticas", os países ocidentais "sacrificarem a Ucrânia, não será apenas um centímetro de seu território ou um pedaço de sua soberania, será um grande golpe ao povo ucraniano, e também a toda comunidade ocidental", preveniu Duda.

"Somente a Ucrânia deve decidir seu futuro (...) Não pode haver negociações ou decisão tomada nas costas da Ucrânia. Nada sobre você sem você. Absolutamente! Esta é uma regra inflexível. É preciso aderir", insistiu.

O projeto da comunidade política europeia deve ser debatido durante um encontro europeu no fim de junho.

Ataques russos

Após fracassar em tomar o controle de Kiev e sua região, as tropas russas concentram, desde março, seus esforços no leste da Ucrânia, já em grande parte nas mãos dos separatistas pró-Rússia, desde 2014, e onde os combates são intensos.

De acordo com a presidência ucraniana, bombardeios russos atingiram as cidades de Mykolaiv, Kharkiv e Zaporijia na madrugada de domingo.

No sábado, sete civis morreram e 10 ficaram feridos em bombardeios na região de Donetsk, anunciou no Telegram o governador Pavlo Kyrylenko. Em Lugansk, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas, declarou na mesma rede social o governador da cidade Sergui Gaidai.

"Os russos usam todas suas forças para capturar Severodonetsk", na região de Lugansk, onde os ataques "aumentaram nos últimos dias", disse Gaidai no sábado a noite.

O Estado-Maior ucraniano revelou em seu encontro com a imprensa neste domingo, que o exército russo continuava "seus ataques com mísseis e aéreos em todo o território", e tinha "aumentado a intensidade utilizando a aviação para destruir infraestruturas cruciais".

A Rússia afirmou ter bombardeado um importante estoque de armas fornecidas pelos países ocidentais à Ucrânia, uma informação que não foi confirmada por nenhuma fonte independente.

A lei marcial e a mobilização geral na Ucrânia foram prolongadas neste domingo por três meses, até 23 de agosto, o que poderia indicar que o conflito será longo.