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Noruega celebra "o amor por todos" após ataque com mortes em Oslo

26/06/2022 11h00

A Noruega celebrou neste domingo (26) o amor por todos com uma homenagem às vítimas do tiroteio que ocorreu perto de um bar gay neste sábado (25) no centro de Oslo, uma tragédia que chocou o país em plena celebração do mês do Orgulho LGBTQIA+.

Enquanto a investigação avança em determinar as motivações exatas do suspeito, descrito como um islamista com problemas de saúde mental, uma emocionante cerimônia de luto foi celebrada na catedral de Oslo, um dia após o ataque que matou duas pessoas e feriu 21.

Para a ocasião, o altar da catedral foi adornado com bandeiras nas cores do arco-íris e muitas flores. "Tiros não podem matar o amor", declarou o líder da Igreja Protestante norueguesa Olav Fykse Tveit.

Enquanto a Noruega celebra os 50 anos da suspensão da proibição da homossexualidade, o clérigo lembrou que, há muito tempo, a igreja se opunha à igualdade de direitos para casais do mesmo sexo. "Vemos que podemos aprender, às vezes com relutância, que a diversidade entre nós é um dom, uma riqueza, e que muitos homossexuais são capazes de cultivar um amor que o resto de nós não pode", disse.

No evento, que teve a participação da princesa herdeira Mette-Marit - seu marido, o príncipe Haakon, contraiu Covid não pôde comparecer -, muitos presentes estavam maquiados ou vestidos com as cores do arco-íris.

[O tiroteio] não acabou com a luta contra a discriminação

"O tiroteio (...) pôs fim à Marcha do Orgulho LGBTQIA+", agendada para sábado à tarde em Oslo, mas cancelada por recomendação da polícia, observou com seriedade o primeiro-ministro Jonas Gahr Støre. "Mas não acabou com a luta e o esforço contra a discriminação, o preconceito e o ódio", acrescentou.

Os tiroteios ocorreram no início de sábado por volta da 1h00 pelo horário local do lado de fora de um pub e depois do lado de fora de uma boate gay próxima, o London Pub, causando pânico entre as pessoas presentes em um momento em que as festas ligadas ao mês do Orgulho LGBTQIA+ aconteciam.

Dois homens, de 50 e 60 anos, morreram, e 21 pessoas ficaram feridas, dez delas gravemente. Rapidamente preso, o suposto autor do tiroteio é, de acordo com a polícia de Oslo, um norueguês de 42 anos de origem iraniana, que a mídia local identificou como Zaniar Matapour.

No radar dos serviços nacionais de inteligência desde 2015 por sua radicalização e sua participação em uma rede extremista islâmica, o homem, também condenado por delitos relativamente menores, aparenta apresentar problemas de saúde mental. A polícia ordenou que ele ficasse em observação para ajudar a esclarecer sua responsabilidade criminal.

Crime de ódio?

Ataque motivado por questões ideológicas ou religiosas? Crime de ódio contra a comunidade homossexual? Gesto de um desequilibrado? Os investigadores dizem não estarem fechando nenhuma porta nesta fase, especialmente porque o suspeito se recusou a ser ouvido no sábado.

Onze anos após os ataques sangrentos perpetrados pelo extremista de direita Anders Behring Breivik, a tragédia abala novamente este país tradicionalmente pacífico, onde o risco de ameaças foi elevado ao mais alto nível e a vigilância reforçada com mais policiais excepcionalmente armados.

"É importante expressar nossas condolências e dizer que amor é amor, e é o mesmo para todos, que todos devem ter o direito de viver sua vida como quiserem", testemunha, às lágrimas, Kristin Wenstad, uma chef de cozinha, que participou do evento para meditar sobre a tragédia. Muitas vezes em lágrimas, muitas pessoas depositaram buquês de flores e bandeiras com as cores do arco-íris ao redor do perímetro isolado pela polícia.

Se por um lado a Marcha do Orgulho LGBTQIA+, que seria a primeira em três anos por causa da pandemia, foi cancelada - ou adiada, de acordo com o prefeito de Oslo -, por outro, milhares de pessoas se reuniram para um desfile espontâneo no sábado.

Homenagens e apoio

Em homenagem às vítimas, a estrela do futebol norueguês Ada Hegerberg exibiu uma braçadeira colorida após marcar o primeiro gol na vitória feminina na noite de sábado contra a Nova Zelândia.

Do presidente francês, Emmanuel Macron, à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, passando pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, muitos líderes estrangeiros condenaram o ataque e garantiram à comunidade homossexual sua simpatia.

(Com informações AFP)