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Japão enfrenta forte onda de calor e governo estuda a reabertura de usinas nucleares

27/06/2022 11h41

As autoridades japonesas alertaram na segunda-feira (27) para uma possível falta de energia, já que o país registra temperaturas recordes e Tóquio acaba de experimentar a estação chuvosa mais curta de sua história. Para lidar com uma possível crise de abastecimento, governo estuda a retomada de usinas fechadas após acidente de Fukushima.

Com informações da AFP e de Frédéric Charles, correspondente da RFI no Japão

"Pedimos à população que reduza seu consumo de energia no início da noite", quando o fornecimento de eletricidade está mais baixo na grande Tóquio, disse o vice-secretário-geral do governo japonês, Yoshihiko Isozaki. O uso de ar-condicionado para combater o calor é um dos principais vilões desse alta demanda de energia.

Um risco de falta de eletricidade também foi anunciado para o início da noite de terça-feira. A Tepco, operadora da central de Fukushima, principal fornecedora de energia para Tóquio, sinaliza que dificilmente vai poder suprir a demanda. O governo teme problemas de abastecimento em julho e agosto.

Nuclear como alternativa

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, pretende retomar o funcionamento das usinas nucleares paralisadas desde o acidente de Fukushima. Cerca de 80% das empresas do país apoiam essa retomada por razões econômicas e ambientais. Em seu nível mais baixo em 20 anos, a cotação do iene torna proibitiva as importações de petróleo, gás e carvão, dos quais o Japão depende muito.

O governo pediu aos moradores da capital que tomem as medidas necessárias para se proteger do calor e evitar a insolação, ao mesmo tempo em que tentem reduzir o consumo de energia.

Temperaturas chegando a 35°C foram registradas na segunda-feira na capital japonesa, onde o mercúrio não deve cair abaixo de 34°C antes do próximo domingo, segundo a Agência Meteorológica Japonesa (JMA).

A estação chuvosa ainda está em curso em grande parte do Japão, mas já terminou nesta segunda-feira na região de Kanto, onde Tóquio está localizada, informou a JMA. Esse é o fim mais cedo da estação chuvosa ? 22 dias antes do normal ? desde que o Japão começou a registrar esses dados comparativos ??em 1951.

A estação chuvosa também terminou segunda-feira no centro do país e parte da ilha de Kyushu (sudoeste), também estabelecendo um recorde.

Mais de 40°C ao norte de Tóquio

Domingo, o termômetro atingiu 40,2°C na cidade de Isesaki, cem quilômetros ao norte de Tóquio, a temperatura mais alta já registrada no Japão em junho.

"Logo após a estação chuvosa, muitas pessoas ainda não estão acostumadas com o calor e correm maior risco de insolação", alertou a JMA.

"Todos os anos, julho e agosto são meses quentes, mas eu nunca tinha experimentado tanto calor em junho", disse Asako Naruse, 58, entrevistada pela AFP no distrito de Ginza, em Tóquio, onde muitos pedestres carregavam uma sombrinha.

Segundo os cientistas, as ondas de calor recorde que vêm sendo registradas regularmente em todo o mundo há vários anos estão ligadas ao aquecimento global.

A temperatura média do planeta já subiu pouco mais de um grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, e a década de 2011-2020 foi a mais quente desde que os registros foram iniciados.

O Japão, a terceira maior economia do mundo, pretende alcançar a neutralidade de carbono até 2050, mas ainda depende muito de suas importações de combustíveis fósseis, gás natural e carvão na liderança.