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Israel: deputados dissolvem Parlamento e convocam nova eleição legislativa

30/06/2022 10h11

Os deputados israelenses dissolveram nesta quinta-feira (30) o Parlamento por 92 votos a favor e nenhum contra, de um total de 120 cadeiras. Antes da votação, os deputados anunciaram que a data das próximas legislativas será no dia 1º de novembro.
 

Esta será quinta vez que o país comparecerá às urnas em menos de quatro anos, e para a nomeação do chefe da diplomacia Yair Lapid como primeiro-ministro interino, a partir da meia-noite.

A dissolução foi aprovada no Parlamento e encerra o governo de apenas um ano do primeiro-ministro Naftali Bennett, que liderou uma coalizão de oito partidos (direita, esquerda e centro). Ela incluiu, pela primeira vez, uma formação árabe - algo histórico em Israel.

O principal objetivo da coalizão era acabar com 12 anos ininterruptos de governo do direitista Benjamin Netanyahu, mas também formar um Executivo. Isso teria sido impossível após as três eleições anteriores, muito acirradas.

Horas antes da dissolução do Parlamento - prevista inicialmente para quarta-feira à noite e adiada para quinta-feira por atrasos em outras votações -, Bennet anunciou que não será candidato nas próximas eleições. Ele transmitirá o cargo de primeiro-ministro a Lapid às 00h00 locais (18h00 de Brasília).

Ele enfrentará o líder da oposição e do partido Likud, Benjamin Netanyahu, de 72 anos, julgado por corrupção em vários processos, que deseja retornar ao posto de primeiro-ministro. "A experiência (da coalizão) fracassou", declarou Netanyahu. "Isto é o que acontece quando se reúne uma falsa extrema-direita com a esquerda radical, tudo isso misturado com a Irmandade Muçulmana", acrescentou.

"Teremos outro governo Lapid que será um fracasso ou um governo de direita liderado por nós? Nós somos a única alternativa! Um governo forte, nacionalista e responsável", declarou Netanyahu, iniciando de maneira antecipada a campanha eleitoral.

Perda da maioria

O acordo de coalizão incluía uma alternância no poder e uma cláusula que estabelecia que Lapid seria o primeiro-ministro interino até a formação de um novo governo, em caso de dissolução do Parlamento

Um ano após a assinatura do acordo histórico, a coalizão perdeu a maioria na Câmara e Bennett anunciou, na semana passada, a intenção de dissolver o Parlamento para convocar novas eleições.

Em 6 de junho, a coalizão Bennett-Lapid foi derrotada, após a oposição reunir maioria contra a renovação da  "lei dos colonos", um dispositivo que a Câmara deve aprovar a cada cinco anos.

Esta lei deveria ser renovada até 30 de junho. Caso contrário os colonos da Cisjordânia - território palestino ocupado por Israel desde 1967 - corriam o risco de perder a proteção legal com base no direito israelense.

Bennett, que defende os assentamentos ilegais, não poderia correr o risco de provocar uma situação caótica e preferiu encerrar o seu governo.

"Unidade israelense"

"O que precisamos agora é voltar ao conceito de unidade israelense", declarou na semana passada Lapid, que será primeiro-ministro a partir de sexta-feira.

Ele ocupará ao mesmo tempo os cargos de chefe de Governo e ministro das Relações Exteriores, enquanto se prepara para as eleições. Em meados de julho, Lapid receberá em Israel o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em sua primeira visita ao Oriente Médio desde que chegou à Casa Branca.

(Com informações da AFP)