Após cancelamento de contrato de submarinos franceses, Macron "faz as pazes" com Austrália
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o novo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmaram nesta sexta-feira (1) que esperam "reconstruir uma relação de confiança" entre os dois países, afetada pelo cancelamento de um contrato que previa a compra de 12 submarinos franceses.
O presidente francês e sua esposa, Brigitte Macron, receberam o premiê australiano e sua mulher, Jodie Haydon, no palácio do Eliseu. "Vamos falar sobre o futuro, e não do passado", disse o chefe de Estado francês. Albanese assumiu o cargo em maio, após a vitória do Partido Trabalhista nas eleições legislativas, "e não é responsável pelo que aconteceu", acrescentou.
A Austrália cancelou, em setembro de 2021, um contrato firmado em 2016 para a compra de 12 submarinos franceses do Naval Group. O país preferiu, na época, adquirir submarinos nucleares americanos, no contexto da parceria firmada com os Estados Unidos e o Reino Unido, conhecida como aliança Aukus.
A decisão provocou a indignação do governo francês. Macron acusou o então primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, de ter "enganado" a França, e os embaixadores franceses em Camberra e Washington foram chamados de volta para Paris.
A derrota eleitoral de Morrison, em maio, permitiu a reaproximação dos dois países. O presidente francês e o novo premiê australiano se reencontraram pela primeira vez nesta semana na cúpula da Otan, em Madri. Para Anthony Albanese, a reunião com Macron em Paris simboliza "um novo começo" para as relações bilaterais entre França e Austrália.
Aliança para conter China
Para Anthony Albanese, a reunião com Macron em Paris simboliza "um novo começo" para as relações bilaterais entre França e Austrália. O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou a intenção de "reconstruir uma relação de confiança entre os dois países, fundada no respeito mútuo, depois de uma fase difícil."
O premiê australiano insistiu que a França "não é apenas uma grande potência europeia", mas também uma "potência da região do Indo-Pacífico e mundial".
Ele acrescentou que o engajamento da França será essencial para enfrentar os desafios na região. Os dois países poderiam, desta forma, colaborar em setores como o da segurança. Desde 2017, Macron ressalta a importância, para a França, de desenvolver uma estratégia no Indo-Pacífico.
"Somos atores nesta vasta região, onde vivem mais de um milhão de compatriotas e 8 mil militares estão presentes", declarou Macron, citando a Nova Caledônia, a Polinésia ou a Ilha da Reunião.
O chefe de Estado francês também falou sobre as ambições da China na área, que gera "verdadeiros desafios". A Austrália e a França temem, após a assinatura do acordo entre o governo chinês e as ilhas Salomão, em abril, que a China construa uma base naval no sul do Pacífico, o que aumentaria sua influência marítima.
Para Macron, os dois países também podem cooperar na luta contra o aquecimento global, o transporte marítimo, a proteção de fundos submarinos e nos setores espaciais e culturais.
(Com informações da AFP)
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