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Rússia diz ter controle total de Lysychansk e intensifica bombardeios no leste ucraniano

03/07/2022 10h52

A Rússia reivindicou neste domingo (3) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, após violentos combates. Moscou intensificou os bombardeios à vizinha Sloviansk, no que parece ser a próxima meta do presidente Vladimir Putin.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, "informou o comandante-chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk", anunciou o ministério, citado por agências de notícias russas.

Na manhã deste domingo, o governador da região de Lugansk, Serguei Gaidai, deu a entender que as forças ucranianas estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100 mil habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk. A cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

Se confirmada, a conquista de Lysychansk permitiria que as tropas russas avançassem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle de toda região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014. Nesta tarde, Sloviansk foi alvo de diversos disparos de foguetes que causaram "muitas mortes e feridos", segundo o prefeito da cidade, Vadim Liakh.

"Múltiplos tiros de lança-foguetes, os mais intensos desde muito tempo. Há 15 incêndios", declarou Liakh, em um vídeo publicado no Facebook.

Tetiana Ignatchenko, porta-voz da região de Donetsk, à qual Sloviansk pertence, disse à mídia ucraniana Suspilne que os ataques deixaram "seis mortos e quinze feridos" e reiterou o apelo das autoridades aos moradores para que deixem a cidade.

Mais ao sul, Kramatorsk, o centro administrativo do Donbass, controlado pela Ucrânia, foi atingida pelo segundo dia consecutivo por foguetes Smertch, segundo o prefeito da cidade, Oleksandr Goncharenko. Esses ataques, que atingiram uma área residencial e um hotel desocupado, não causaram vítimas, disse ele.

Sloviansk e Kramatorsk, duas cidades com alto valor simbólico, estão sob ameaça direta das forças russas, especialmente se a captura de Lyssytchansk for confirmada por Kiev.

Explosões em cidade russa

A Rússia também acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países. "As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em fortes explosões na cidade.

Os ataques deixaram quatro feridos, danificaram 11 prédios residenciais e 39 casas, informou Gladkov na rede Telegram. Desde o início da ofensiva da Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro, o governo russo acusou repetidamente as forças ucranianas de realizar ataques em solo russo, especialmente na região de Belgorod.

Disparos em Belarus

O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, também afirmou que seu exército havia interceptado mísseis lançados a partir da Ucrânia, em meio a versões sobre o crescente envolvimento de seu país, aliado da Rússia, na guerra entre seus dois vizinhos. "Eles nos provocam. Devo dizer que cerca de três dias atrás, talvez mais, tentaram bombardear alvos militares em Belarus", disse Lukashenko, segundo a agência estatal bielorrussa Belta.

Mas Lukashenko assegurou que não tem intenção de "lutar na Ucrânia", o que significaria uma escalada do conflito. Ivan Fedorov, prefeito de Melitopol, cidade no sul da Ucrânia controlada por tropas russas, anunciou neste domingo que o exército ucraniano colocou uma base militar russa na cidade "fora de serviço" na noite de sábado.

Com informações da AFP