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Covid-19: Pequim adota vacinação obrigatória em vários locais públicos

07/07/2022 13h52

Enquanto cresce o número de contaminações por coronavírus na China, Pequim apresenta mudanças na estratégia de combate à epidemia. A partir de segunda-feira (11), os moradores da capital chinesa que desejarem ter acesso a vários locais públicos terão de apresentar um comprovante de vacinação contra a Covid-19. Até agora, a vacina nunca havia sido associada ao passaporte de saúde na China.

Com informações de Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim, e da AFP

A capital não poderá impedir por mais um ano que seus moradores viajem nas férias de verão e, principalmente, retornem a Pequim com o risco de trazerem a doença. É por esta razão que as autoridades locais decidiram acelerar a vacinação e torná-la obrigatória para entrar em locais de entretenimento e instalações esportivas.

"Em locais públicos, especialmente espaços fechados onde as pessoas se reúnem, uma vez que uma fonte oculta de infecção entra, há um alto risco de transmissão do vírus, que terá um efeito 'amplificador da epidemia'", disse Li Ang, vice-diretor da comissão de saúde da capital, em entrevista coletiva na quarta-feira (6).

A partir da semana que vem, os moradores de Pequim terão de apresentar um código QR em que aparece a data da sua última imunização contra o Covid-19. O sistema é parecido com o que foi utilizado na Europa durante o pico da pandemia.

Visitantes de fora de Pequim também deverão apresentar um comprovante de vacinação. Além disso, equipes de enfermagem, agentes de comitês de bairro e entregadores serão obrigados a tomar uma dose de reforço do imunizante para poderem trabalhar.

As autoridades chinesas também visam os idosos. Enquanto 80% dos habitantes de Pequim têm uma vacinação completa, alguns idosos ainda temem tomar a vacina.

Condicionar o acesso a locais públicos a pessoas vacinadas contra a Covid-19 não é uma novidade em todo o território chinês. Algumas experiências foram realizadas, há apenas um ano, em várias províncias do leste e do sul do país, especialmente para entrar em campus universitários. Contudo, a medida não foi validada, à época, pelo governo central.

Em Pequim, quatro novas infecções foram relatadas na quarta-feira (6), contra seis no dia anterior. Mesmo se números podem parecer baixos comparados aos mais de 200 mil registrados em países como a França, eles deixam as autoridades chinesas em estado de alerta, temendo uma nova onda na capital do país onde teve início a pandemia.  

Xangai em estado de alerta

Maior cidade da China e núcleo financeiro do país, Xangai e várias outras cidades também estão novamente em alerta diante da Covid-19. As autoridades tentam reprimir qualquer ressurgimento da epidemia, a fim de evitar a imposição de novas restrições de saúde como parte da estratégia "zero Covid" decretada pelo governo.

Após dois meses de confinamento rigoroso no início de junho, o município de Xangai organizou três dias de triagem em massa para detectar casos de contaminação, especialmente em bares de karaokê clandestinos. Moradores da maioria dos 16 bairros da metrópole tiveram que passar por dois testes de Covid obrigatórios ao longo dos três dias. Os testes também estão agendados todos os fins de semana, até o fim de julho.

Na quarta-feira, Xangai relatou 54 novos casos locais de transmissão do coronavírus, contra 24 na véspera. A cidade fechou 50 locais públicos nesta quinta-feira, elevando para cerca de 80 o número de estabelecimentos fechados por conta do coronavírus.

Viagens canceladas

Em toda a China, 338 novos casos de Covid-19 foram registrados na quarta-feira, contra 353 no dia anterior, sem novas mortes. Grande parte dos novos casos, 167, são de pessoas que vivem na província oriental de Anhui, onde mais de um milhão de habitantes de pequenas cidades estão confinadas.

Na província de Shaanxi, onde quatro novos casos foram relatados, as agências de viagens receberam instruções para cancelar excursões organizadas a Xian, a capital provincial famosa por abrigar o exército de terracota dos guerreiros de Xian, uma coleção de esculturas de barro representando as tropas de Qin Shi Huang, o primeiro imperador da China

A China defende a sua estratégia "zero-Covid" comparando as milhões de mortes ocorridas pela doença em todo o mundo em relação ao baixo número de mortos em seu território: 5.226, de acordo com as informações oficiais.