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França relembra 80° aniversário de ataque histórico contra população judaica de Paris

17/07/2022 17h07

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu neste domingo (17), "que se redobre a vigilância" contra o antissemitismo, "ainda mais vivo". A declaração foi feita durante um discurso que marcou o 80º aniversário da Incursão do Velódromo de Inverno (Vel d'Hiv), nome dada a uma blitz gigantesca visando a população judaica de Paris, em um dos episódios mais sombrios da história francesa.

Em 16 de julho de 1942, cerca de 13.000 judeus, entre eles idosos e crianças, foram presos e levados para o Velódromo de Inverno (Vel d'Hiv, no diminutivo em francês), no sul da capital. De lá eles foram deportados para morrer nos campos de concentração nazistas

Foi na estação de trens de Pithiviers, cidade de onde partiram os trens com os detidos, que Macron fez o seu discurso neste domingo.

"Ainda não conseguimos acabar com o antissemitismo. E devemos extrair disto uma conclusão realista: o antissemitismo está ainda mais vivo (...) Em nosso país, na Europa, e em muitos lugares do mundo", disse o chefe de Estado.

Macron também fez alusão ao famoso discurso de 1995, quando o então presidente Jacques Chirac reconheceu a conivência das autoridades francesas no momento da deportação e o silêncio que marcou os 50 anos seguintes. "Essas horas sombrias mancharam nossa história para sempre", disse Chirac na época, acusando a França de ter feito o "irreparável".

O antissemitismo "pode ter outras faces [...], pode se infiltrar nos estúdios de televisão, na indulgência de algumas forças políticas, como uma nova forma de revisionismo e de negacionismo histórico", insistiu Macron, em referência velada a Éric Zemmour, o candidato de extrema direita derrotado no primeiro turno nas eleições presidenciais, que afirmou que o marechal Philippe Pétain havia "salvado" os judeus franceses durante a Segunda Guerra Mundial.

Pétain dirigia o regime de Vichy, que colaborava com os nazistas durante a ocupação. "Dizer isso é uma falsificação da história", acrescentou o presidente francês, ao pedir "que se redobre a vigilância [...] e se encare a verdade de frente".

(Com informações da AFP)