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Franceses reclamam de fila para se vacinar contra a varíola dos macacos em Paris

28/07/2022 11h48

A prefeitura de Paris inaugurou, nesta terça-feira  (26), um centro de vacinação contra a varíola dos macacos no 13º distrito da capital. O objetivo é permitir que o público alvo da doença, formado principalmente por homens homossexuais e pessoas transgênero com diversos parceiros, possa se proteger contra o vírus. A fila de espera, entretanto, pode ser longa.
 

Cerca de 1.700 casos já foram registrados na França, a maioria na região parisiense, onde cerca de 300 mil doses são necessárias para imunizar a população.  A meta é vacinar entre 200 e 300 pessoas por dia e todos os horários já estão reservados. 

"No aplicativo tem de tudo: horário de consulta com ginecologista, dermatologista, mas não tem nenhuma informação sobre a vacinação. Para isso, alguém tem que deixar a gente entrar no centro, para que alguém lá dentro possa explicar como obter um horário para se vacinar na internet. É muito complicado, não estou nem um pouco satisfeito", diz Sylvain, entrevistado no centro de vacinação pela RFI.  

Julien, outro francês que veio se vacinar, demorou um mês para obter um horário, que ele conseguiu graças a informações que circularam  no Twitter. Na esperança de obter uma dose no fim do dia, algumas pessoas chegaram a esperar quatro horas, sem sucesso. Até o dia 8 de agosto, todos os horários já estão preenchidos.

"Não há motivo para pânico, estamos reagindo rápido", afirmou, nesta quarta-feira (27) François Braun, o novo ministro da Saúde francês. Para o porta-voz da organização Inter-LGBT, Matthieu Gatipon-Bachette, que representa 60 associações, "são necessários mais meios e doses de vacinas disponíveis, além de centros de vacinação em toda a França", disse. "A abertura do centro anunciada pelo ministro da Saúde chegou tarde demais", lamenta François Emery, da associação Act Up Paris.

A varíola dos macacos é transmitida principalmente pelo contato com as lesões da pele de uma pessoa contaminada, pelas secreções respiratórias ou objetos usados pelo doente.  Apesar da maioria dos casos terem ocorrido em homens homossexuais, o risco não se resume a esse grupo. Os sintomas principais são febre, dor e o aparecimento de pústulas, que no início podem ser bem discretas mas caracterizam a doença. É por conta dessas bolhas que a doença é chamada em inglês de monkeypox.

Europa é epicentro da doença

Com 81,6% dos 6.027 casos registrados no mundo, a Europa é, de longe, a região mais atingida pela onda de casos, detectada em maio fora dos países da África Central e Ocidental, onde o vírus é endêmico. Alemanha, Reino Unido e Espanha são os países mais afetados no mundo, com mais de 1.000 casos cada.

Segundo a OMS, 99,5% dos pacientes são homens, com idade média de 37 anos. Cerca de 60% dos pacientes que revelaram sua orientação sexual - um terço dos afetados - se identificam como gays, bissexuais, ou fizeram sexo com outros homens, de acordo com o relatório.

Em 25 de junho, o secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, havia considerado que o aumento de casos não justificava a ativação do nível mais alto de alerta da organização, mas acabou declarando a epidemia de varíola dos macacos, que está se espalhando rapidamente pelo planeta, como uma emergência de saúde pública global, o mais alto nível de alerta da organização.

Dados da OMS mostram que mais de 18.000 casos foram registrados desde o início do ano em mais de 75 países. Cinco mortes também foram relatadas na África, onde a doença é endêmica. De acordo com uma projeção do Escritório Regional da OMS para a Europa, o número de infecções poderia exceder 27.000 até 2 de agosto, em 88 países.

(RFI e AFP)