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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Menopausa: especialistas rebatem mitos e explicam dúvidas do período

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Imagem: iStock

09/08/2022 15h19

Se suas associações imediatas ao assunto menopausa são a um período ruim, sintomas terríveis e tratamentos arriscados, está na hora de rever seus conceitos. Especialistas mostram que esta é apenas mais uma fase natural da vida das mulheres, que os tratamentos evoluíram e, além de agirem contra os sintomas, garantem a qualidade de vida após os 40 anos.

"A ideia mais difundida em relação à menopausa é negativa. Ela é pensada como uma fatalidade, como se o céu desabasse sobre a cabeça da mulher. Não é nada disso. A menopausa é um fenômeno natural. Da mesma forma que há a puberdade, e a mulher vai ter sua menstruação, em outro momento da vida ela vai parar de menstruar. É um fenômeno completamente natural, mas que pode ter efeitos desagradáveis", destaca o médico Abdoulaye Diop, ginecologista obstetra da Clínica Bellevue, em Dakar, no Senegal.

Um dos primeiros esclarecimentos que o especialista sugere é distinguir a menopausa - interrupção definitiva dos ciclos menstruais - da pré-menopausa, período de transição que marca o fim da vida reprodutiva da mulher, quando surgem os sintomas mais conhecidos, como perda da libido, alterações de memória, secura vaginal, enxaquecas, perturbação do sono, ganho de peso, desânimo e fragilidade óssea.

"A menopausa mesmo não é um problema. A menopausa significa, depois dos 40 anos, ficar mais de 12 meses sem menstruar. O que causa problema é o período da pré-menopausa, a chamada perimenopausa. Este acontece de 12 a 24 meses antes da menopausa e é o momento em que há muitos sintomas desagradáveis para a mulher", esclarece Diop.

Mas se este período de transição pode representar sintomas desagradáveis para umas mulheres, a menopausa pode ser sinônimo de melhor qualidade de vida para outras. O fim dos ciclos menstruais põe fim também a todos os problemas a estes associados, como cólicas e dores de cabeça.

"A menopausa é uma boa nova, por exemplo, para as mulheres que têm endometriose. Porque os mecanismos da endometriose são intimamente ligados ao ciclo menstrual. E durante a menopausa não há ciclo menstrual, então a maior parte das lesões, dores da endometriose, vão desaparecer", lembra o médico.

Sem respostas

Algumas questões em relação a esta fase da vida das mulheres, infelizmente, ainda seguem sem respostas. A ciência ainda não explica porque algumas mulheres têm sintomas mais severos do que outras, ou ainda porque algumas têm a chamada menopausa precoce, antes ou muito antes dos 40 anos, ou tardia, muito depois dos 50.

O médico acrescenta que não são encontradas relações entre o início e o fim dos ciclos menstruais - uma mulher que começa a menstruar cedo não necessariamente entrará cedo na menopausa - e que também não existiriam evidências genéticas ou de hereditariedade em casos de menopausas precoces ou tardias. Assim como o estilo de vida sexual também não influenciaria nesse contexto.

Mas não ter explicações não impede que algumas situações tenham solução. E se engana, mais uma vez, quem pensa que os tratamentos para a menopausa se aplicam apenas para combater os sintomas. A ginecologista Lorena Motta, sócia da Clínica Barufaldi, em Ribeirão Preto, São Paulo, é enfática, e vê na reposição hormonal uma importante aliada a uma grande melhoria na qualidade de vida das mulheres a partir dos 40 anos.

A médica admite que as dúvidas sobre os tratamentos de reposição hormonal ainda figuram no imaginário feminino, inclusive de algumas pacientes que ela recebe em seu consultório. Elas se perguntam sobre o risco de câncer ou porque deveriam fazer a reposição hormonal se algumas mulheres não o fazem durante a menopausa.

"Hormônio é vida"

A ginecologista enfatiza que, além de combater os sintomas da menopausa, que podem ser extremamente desagradáveis, a reposição hormonal também pode significar prevenção contra muitos problemas de saúde que surgem nesta fase, a exemplo da osteoporose. "A expectativa de vida está aumentando cada vez mais, e o ideal é que a gente mantenha a qualidade de vida com a longevidade e, para isso, nós falamos na reposição. Hormônio é vida", sublinha a médica.

A especialista explica que muitos dos mitos em torno dos tratamentos hormonais se devem a estudos já considerados obsoletos, alguns datando de 2002. E que o melhor antídoto para a desinformação é a orientação de um ou uma ginecologista e a realização de exames que atestem o real estado de saúde dessas mulheres, para acessarem o tratamento mais adequado a cada uma delas.

"Para isso existem alguns tipos de reposição hormonal. Tem aquele em que o médico prescreve e a gente compra na farmácia e é igual para todo mundo, seja para aquela mulher que é extremamente saudável ou não, porém também existe a reposição hormonal que é chamada de bioidêntica ou isomolecular, que é uma reposição de hormônios mais semelhante à estrutura molecular do corpo da mulher. Com isso, conseguimos fazer a reposição dos três hormônios [progesterona, testosterona e estradiol] com melhores benefícios e menores efeitos colaterais", defende a ginecologista.

Ela explica que, diferentemente da reposição hormonal oral, disponível nas farmácias, o método isomolecular pode ser encontrado em apresentação tópica, em gel para aplicação sobre a pele, ou em dois tipos de implantes, o absorvível, com efeito de 6 a 8 meses, ou o com duração de um ano, mas que precisa ser removido.

Tratamentos à parte, os especialistas são uníssonos ao afirmarem que o essencial durante a menopausa é o acompanhamento da paciente por seu ginecologista, além de um estilo de vida saudável, garantido por uma alimentação equilibrada e atividades físicas regulares.