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"Pesadelo sem fim": França volta a ser palco de incêndios gigantescos

11/08/2022 06h31

A França continua enfrentando uma onda histórica de incêndios florestais. Oito novos focos de fogo estavam ativos na manhã desta quinta-feira (11), de norte a sul do país. O maior deles é registrado em Landiras, no departamento da Gironde (sudoeste), onde quase sete mil hectares de florestas queimaram. O braseiro recomeçou na última terça-feira (9), após uma breve calmaria. 

Mais de mil bombeiros estão mobilizados no combate às chamas. Segundo um balanço divulgado nesta manhã, cerca de 12 mil pessoas tiveram que deixar suas casas no sudoeste. A principal rodovia da região, que liga Bordeaux a Bayonne, teve de ser interditada à circulação.

O porta-voz da Federação Francesa do Corpo de Bombeiros, Eric Borcardi, falou à RFI sobre os trabalhos no gigantesco incêndio de Landiras. "Ontem de manhã, a cada minuto, tínhamos o equivalente a dez campos de futebol que queimavam. Hoje as chamas diminuíram graças à ação eficaz dos bombeiros. A utilização de aviões-tanque nos ajudam a atuar com precisão, o que permite 'desacelerar' a progressão do fogo", relatou Borcardi. 

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, e o ministro do Interior, Gérald Darmanin, visitam a região da Gironde nesta quinta-feira para levar apoio à população e monitorar a ação dos bombeiros. Desde o início de julho, os moradores do sudoeste enfrentam temperaturas de 40°C e convivem com o receio de os incêndios destruírem suas casas. A situação é tão alarmante que o ministro do Interior fez um apelo às empresas para que elas liberassem do trabalho os bombeiros voluntários, para que eles possam complementar as equipes que lutam contra as chamas.

Imagens trágicas da destruição

Os principais jornais da França trazem em suas capas nesta quinta-feira (11) imagens trágicas dos incêndios nessa região. As manchetes manifestam a preocupação com as mudanças climáticas e as incertezas sobre o futuro do planeta.

"Seca, incêndios, derretimento de geleiras: a França vítima da desregulação climática", diz a manchete de capa do jornal Le Figaro. O diário questiona se os fenômenos observados durante este verão no Hemisfério Norte se tornarão a regra no futuro.

"As ondas de calor não terminam nunca, e o verão de 2022 se mostra como uma longa sequência de recordes batidos", destaca a matéria. Le Figaro lembra que julho foi o segundo mês mais quente já registrado na França e mais de 90% do território enfrenta atualmente um calor intenso.

O jornal Libération estampa sua capa com uma foto apocalíptica dos incêndios na Gironde, com a manchete: "O retorno das chamas". Depois de um mês de julho escaldante, o fogo volta a se espalhar, principalmente pelo sudoeste, sul e sudeste. 

"A França está queimando", diz o diário em seu editorial. As florestas viram fumaça, os rios secam e os termômetros marcam frequentemente 40°C, destaca o Libé, lembrando que este verão está sendo "excepcional". "Nunca vimos tanto fogo em locais diferentes pelo país inteiro", situação classificada pelo editorialista como "um presságio do que está por vir". 

Gironde: um departamento devastado pelo fogo

"Um pesadelo sem fim" é a manchete de capa do jornal Le Parisien, com uma foto da floresta de Landiras, no sudoeste, em chamas. O diário lembra que há menos de um mês, a Gironde já havia sido palco de incêndios gigantescos e que o fogo agora volta a devastar esse território. 

O Le Parisien traz testemunhos de moradores de cidades do sudoeste, que frequentemente têm de deixar suas casas e buscar abrigo em outros lugares. Cerca de 40 mil viveram a experiência traumatizante de acordar no meio da noite com bombeiros batendo nas portas de suas residências e ter suas casas e bens reduzidos a cinzas. "Temos a impressão de viver num eterno pesadelo", diz à reportagem Sandrine, uma moradora da cidade de Belin-Béliet, na Gironde. 

O jornal La Croix enviou um jornalista para essa cidade, a fim de acompanhar o trabalho dos bombeiros no local. No total, mil profissionais lutam contra as chamas, "com o objetivo de proteger vidas e de desacelerar o fogo", afirma o tenente-coronel Arnaud Mendousse. Segundo ele, o forte calor e a seca histórica enfrentada pelo país dificultam os trabalhos.