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No Egito, 41 pessoas morrem em incêndio em igreja no Cairo

14/08/2022 10h14

O fogo começou durante uma missa neste domingo (14) na igreja ortodoxa copta Abou Sifine, no bairro popular de Imbaba, no Cairo. Ao todo, 41 pessoas morreram, atingindo a maior comunidade cristã do Oriente Médio, que tem entre 10 e 15 milhões de fiéis no Egito.

Segundo a Igreja Copta Egípcia, em comunicado publicado em sua conta no Facebook, outras 14 pessoas ficaram feridas. De acordo com o Ministério do Interior egípcio, "O ar condicionado de uma sala de aula do segundo andar do prédio onde fica a igreja quebrou, provocando a liberação de uma grande quantidade de fumaça, que foi a principal causa das mortes".

Reda Ahmed, morador do bairro, disse à AFP que "os vizinhos se organizaram para buscar as crianças". Mas que, "aqueles que voltavam não podiam mais retornar ao local porque o fogo era muito intenso". O padre Farid Fahmy, religioso oficiante na igreja vizinha de Mar Yemina, afirma que "o incêndio começou por causa de um gerador que ligou após um corte de energia e sofreu sobrecarga".

O Ministério Público do país anunciou que abriu uma investigação e enviou uma equipe ao local para apurar as causas do incêndio, enquanto o Ministério da Saúde indicou ter enviado dezenas de ambulâncias.

"Mobilizei todos os serviços estatais para garantir que todas as medidas sejam tomadas", reagiu o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, em sua conta no Facebook. Al-Sissi também anunciou que "apresentou suas condolências por telefone" ao papa copta Tawadros II, chefe da comunidade cristã no Egito desde 2012.

Igreja é defensora do governo egípcio

A Igreja Ortodoxa Copta tornou-se mais visível no cenário político sob a liderança de Tawadros II, um defensor declarado de Al-Sissi, o primeiro presidente do Egito a participar da missa de Natal copta todos os anos, enquanto seus predecessores enviavam representantes.

Embora numerosos, os coptas se consideram sub-representados na política e em cargos públicos, e lamentam uma legislação muito restritiva para a construção de igrejas e muito mais liberal para mesquitas.

O assunto é delicado e o ativista copta de direitos humanos Patrick Zaki passou recentemente 22 meses na prisão por "divulgar informações falsas" em artigo que expunha as violações dos direitos dos cristãos no Egito.

Os coptas também sofreram represálias dos islâmicos, principalmente após a derrubada por Sissi em 2013 do presidente islamita Mohamed Mursi, com igrejas, escolas e casas incendiadas. Al-Sissi nomeou recentemente, pela primeira vez na história, um juiz copta para chefiar o Tribunal Constitucional.

Histórico de incêndios no país  

Na megalópole do Cairo, onde milhões de egípcios vivem em assentamentos informais, incêndios acidentais não são raros. De maneira geral, o Egito, dotado de infraestruturas precárias e mal conservadas, sofre regularmente incêndios fatais em suas várias províncias.

Na segunda-feira (8), uma igreja pegou fogo em Heliópolis, um bairro nobre no leste do Cairo, sem causar mortes ou feridos. Em março de 2021, pelo menos 20 pessoas morreram em um incêndio em uma fábrica têxtil na periferia leste da capital. Em 2020, dois incêndios em hospitais tiraram a vida de 14 pacientes com Covid-19.

 

(Com informações da AFP)