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Putin e Macron concordam com inspeção da usina nuclear de Zaporíjia pela AIEA

19/08/2022 16h30

Os presidentes russo, Vladimir Putin, e francês, Emmanuel Macron, concordaram, durante uma conversa por telefone, nesta sexta-feira (19), em organizar "o mais rápido possível" uma inspeção da usina nuclear ucraniana de Zaporíjia, alvo de recentes bombardeios.

Os dois dirigentes "destacaram a importância de enviar com a maior rapidez possível à central nuclear uma missão da Agência Internacional de Energia Atômica, que poderá avaliar a situação no local", indicou o Kremlin, especificando que a conversa se deu por iniciativa de Emmanuel Macron.

"O lado russo confirmou que está pronto para prestar toda a assistência necessária aos inspetores da agência atômica", afirma a mesma fonte. A presidência francesa, por sua vez, informou que Macron "apoiou o envio ao local, o mais rápido possível, de uma missão de especialistas da AIEA, nas condições aprovadas pela Ucrânia e pelas Nações Unidas".

Os dois presidentes devem voltar a se falar "nos próximos dias sobre o assunto, após trocas entre as equipes técnicas e antes do desdobramento da missão", de acordo com o Palácio do Eliseu. O governo francês especifica ainda que Vladimir Putin aceitou que a missão da AIEA "passe pela Ucrânia".

Durante a discussão, Vladimir Putin também "enfatizou que o bombardeio sistemático [...] do território da usina nuclear de Zaporíjia cria um perigo de desastre em grande escala, que poderia levar à contaminação radioativa de vastos territórios", de acordo com o Kremlin.

De sua parte, Emmanuel Macron afirmou "mais uma vez sua preocupação com os riscos representados pela situação na usina de Zaporíjia para a segurança e proteção nuclear", indicou o Eliseu.

Uma nova Chernobyl

Localizada no sul da Ucrânia e controlada pelas forças russas, a usina de Zaporíjia, a maior da Europa, foi bombardeada diversas vezes nas últimas semanas, com Moscou e Kiev se acusando mutuamente desses ataques. A situação levantou o receio de uma grande catástrofe semelhante à de Chernobyl, em 1986.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu a Moscou nesta sexta-feira que não interrompa o fornecimento da usina nuclear de Zaporíjia para a rede de energia ucraniana, como temem as autoridades de Kiev.

Os diálogos entre Vladimir Putin e Emmanuel Macron estavam suspensos desde 28 de maio. Anteriormente, o presidente francês teve conversas telefônicas com o líder russo no início de maio, no começo de março e cinco vezes em fevereiro, em meio ao aumento das tensões da ofensiva do Kremlin na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.

Macron também foi pessoalmente a Moscou em 7 de fevereiro para se encontrar com Vladimir Putin.

Esses muitos contatos renderam críticas ao presidente francês, reeleito em maio para um segundo mandato. Macron foi acusado de ter mantido trocas regulares com o chefe do Kremlin sem conseguir impedir o lançamento de uma ofensiva contra a Ucrânia.

Crise alimentar

Vladimir Putin e Macron também discutiram sobre o acordo assinado em Istambul no mês passado para desbloquear as exportações de grãos ucranianos. Em troca, Moscou está exigindo a suspensão das restrições às suas exportações de produtos agrícolas e fertilizantes, afetadas por sanções ocidentais desde o início do conflito.

O presidente Putin "ressaltou os obstáculos que permanecem diante das exportações russas, o que não contribui para a solução dos problemas relativos à segurança alimentar mundial", informou o Kremlin.

(Com informações da AFP)