Topo

Primeiros soldados russos chegam a Belarus para atuar em força militar conjunta

15/10/2022 11h39

Autoridades bielorrussas confirmaram a chegada ao país, neste sábado (15), dos primeiros soldados russos da nova força militar conjunta com Belarus, anunciada dias atrás. Enquanto isso, o Kremlim descarta qualquer arrependimento pela invasão da Ucrânia.

"Os primeiros trens com soldados russos que formam a força militar regional chegaram a Belarus", declarou o ministério bielorrusso da Defesa em um comunicado, sem especificar o número de homens enviados por Moscou.

O ministério divulgou imagens mostrando trens e caminhões militares, assim como de soldados russos sendo recebidos por mulheres vestidas com trajes típicos e com pão nas mãos, uma tradição da hospitalidade eslava.

Na segunda-feira (10), o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, acusou a Polônia, a Lituânia e a Ucrânia de prepararem ataques "terroristas" e uma "revolta" em seu país, anunciando, então, a mobilização desta força militar regional. Belarus afirma que esta tropa é apenas defensiva e busca garantir a segurança de sua fronteira, no momento em que Minsk acusa Kiev de preparar uma ofensiva.

Interrogado na sexta-feira (14) sobre o tamanho desta nova força, Lukashenko disse que o Exército bielorrusso e seu efetivo de "cerca de 70.000 soldados" serão a "base", sem especificar quantos soldados russos farão parte dela. "Não é necessário pedir agora 10.000, ou 15.000 homens à Rússia, porque há outros problemas lá, que vocês conhecem", afirmou Lukashenko, em entrevista à televisão russa.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia, na terça-feira (11), de querer "arrastar Belarus para a guerra" e reivindicou ao G7 uma missão de observação internacional na fronteira entre a Ucrânia e o seu vizinho do norte.

Aliado da Rússia no conflito com a Ucrânia, Belarus emprestou seu território ao Exército russo para o início da ofensiva, em fevereiro, embora as forças bielorrussas ainda não tenham participado, até agora, dos combates em território ucraniano, o que marcaria uma nova escalada do conflito.

Putin diz estar fazendo a coisa "certa"

O presidente russo, Vladimir Putin, descartou na sexta-feira (14) o lançamento "imediato" de novos bombardeios "em massa" na Ucrânia e a expansão da mobilização de tropas, anunciada há três semanas, após os reveses de suas forças. "Não é agradável o que está acontecendo agora", admitiu Putin em uma coletiva de imprensa no Cazaquistão. Porém, se a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia, "estaríamos na mesma situação um pouco mais tarde, só que em condições piores para nós", acrescentou o chefe do Kremlin. "Então, estamos fazendo tudo certo", concluiu.

As tropas russas falharam em sua tentativa de tomar Kiev, a capital ucraniana, após o início da invasão, em 24 de fevereiro, e nas últimas semanas foram forçadas a se retirar de várias posições no leste e no sul, diante de uma surpreendente contraofensiva ucraniana.

O avanço das forças ucranianas obrigou as autoridades estabelecidas pelo Kremlin na região de Kherson (sul), anexada por Moscou, a solicitarem a retirada de civis.

A Rússia denuncia um "aumento considerável" dos bombardeios ucranianos em várias de suas regiões de fronteira.

O presidente russo também indicou que não prevê uma nova mobilização de reservistas, após a anunciada há três semanas. De acordo com Putin, 222 mil soldados, dos 300 mil esperados, foram recrutados até agora, e 16 mil já estão em "unidades envolvidas nos combates".

Washington aumenta apoio militar

Na frente diplomática, Kiev garantiu mais US$ 725 milhões em assistência militar dos Estados Unidos e US$ 400 milhões em ajuda humanitária da Arábia Saudita. O país foi criticado por Washington pela recente decisão da Opep - liderada pelo reino saudita- de cortar a produção de petróleo, algo que favorece a Rússia.

Ao todo, a assistência militar americana a Kiev soma um valor sem precedentes de US$ 18,3 bilhões. 

(Com informações da AFP)