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Moscou ataca Kiev e outras cidades ucranianas e desafia líderes do G20 que pedem o fim da guerra

15/11/2022 13h13

No dia em que lideranças internacionais do G20 reunidas na Indonésia pedem o fim da guerra na Ucrânia, a capital Kiev e outras duas cidades do país foram atingidas, nesta terça-feira (15), por ataques russos. São os primeiros desde meados de outubro e acontecem poucos dias após a retirada das forças de Moscou no sul da Ucrânia.  

Sirenes de defesa aérea soaram em toda a Ucrânia pouco antes das 15h30 (11h30 em Brasília). Poucos minutos depois, explosões foram ouvidas em Kiev, Lviv (oeste) e Kharkiv (nordeste). Na sequência desses bombardeios, a eletricidade foi cortada em várias regiões do país, indicaram as autoridades ucranianas, que estimaram metade da população do país às escuras.

"Ataque à capital: segundo informações preliminares, dois prédios residenciais foram atingidos no distrito de Pechersk. Vários mísseis foram derrubados pela defesa aérea em Kiev", escreveu o prefeito Vitali Klitschko no Telegram.

"A Rússia responde ao discurso de Volodymyr Zelensky no G20 com um novo ataque com mísseis", denunciou, por sua vez, o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriï Yermak, no Twitter. "Alguém pensa seriamente que o Kremlin realmente quer paz? Ele quer obediência. Mas no final, os terroristas sempre perdem", acrescentou.

A guerra no centro da diplomacia

Reunidos na Indonésia, nesta terça-feira, os líderes dos 20 países mais industrializados (G20) elaboram um comunicado em que a maioria dos países membros condena a invasão da Ucrânia pela Rússia e suas consequências na economia mundial, de acordo com diplomatas.

Falando por videoconferência no evento, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse ao G20 que era hora de acabar com a agressão russa implementando um plano de paz apresentado por Kiev "com justiça e com base na Carta Nações Unidas e direito internacional".

"Juntos, podemos implementar este plano de paz", assegurou Volodimir Zelenski. Segundo os delegados presentes à cúpula, Sergei Lavrov, chefe da diplomacia russa, não saiu da sala durante o discurso do presidente ucraniano. Porém, ele considerou as condições ucranianas para a paz "irrealistas".

"Todos os problemas vêm do lado ucraniano, que recusa categoricamente as negociações e apresenta exigências manifestamente irreais", disse Lavrov.

Civis no alvo de mísseis

Enquanto isso, os bombardeios continuam. Em um pequeno vídeo postado no Telegram pelo vice-chefe da presidência Kyrylo Tymoshenko, era possível ver parte de um prédio de cinco andares em chamas. "O perigo não passou. Fiquem nos abrigos!", exortou aos habitantes da capital.

Uma morte já foi confirmada pelas autoridades após os ataques russos desta terça-feira. Seis pessoas ficaram feridas.

Em Kharkiv, Igor Terekhov, o prefeito da segunda cidade da Ucrânia relatou a queda de um míssil numa zona industrial. No oeste, "explosões são ouvidas em Lviv. Todos fiquem seguros!", instou o prefeito de Lviv, Andriï Sadovy, no Telegram, especificando que "parte da cidade (estava) sem eletricidade".

Os ataques anteriores que atingiram a capital ucraniana datam de 10 e 17 de outubro e visaram sobretudo, como em outras partes do país, a infraestrutura energética, a fim de privar a população de energia com a aproximação do inverno. Na época, Moscou justificou esses ataques "massivos" como resposta pela destruição parcial da ponte que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.