Junta militar de Mianmar liberta quase seis mil prisioneiros, incluindo estrangeiros
A junta militar de Mianmar anunciou, nesta quinta-feira (17), a libertação de quase 6.000 presos, entre eles uma ex-embaixadora britânica, um assessor australiano do governo derrubado de Aung San Suu Kyi e um jornalista japonês.
Os três estrangeiros "foram indultados e deportados", disse a Junta em comunicado, informando posteriormente que os prisioneiros embarcaram em um avião com destino à Tailândia.
A ex-diplomata Vicky Bowman, o assessor econômico australiano Sean Turnell e o jornalista japonês Toru Kubota "foram libertados devido ao feriado nacional", que é celebrado nesta quinta-feira, disse um alto funcionário.
Eles deixaram Mianmar em um voo comercial às 17h30 (8h00 de Brasília), com destino final Bangcoc, informaram um jornalista da AFP e fontes diplomáticas.
A decisão é um raro sinal de abertura por parte dos militares, que chegaram ao poder com um golpe de Estado em 1º de fevereiro de 2021.
Milhares de pessoas foram presas na sangrenta repressão à dissidência que se seguiu ao golpe.
Três ônibus que transportavam os prisioneiros indultados deixaram a prisão de Insein, em Rangum, pouco depois das 15h, horário local (5h30 no horário de Brasília), e passaram por uma multidão de 200 pessoas, relataram jornalistas da AFP no local.
Uma mulher, que não quis revelar sua identidade por medo de represálias, esperava pelo marido, que havia cumprido metade de sua pena de prisão de três anos por fomentar a dissidência contra o exército.
"Antes, ele era partidário do USDP [partido apoiado pelo exército]. Depois do golpe, ele se juntou aos protestos", contou a birmanesa, que disse estar "muito orgulhosa" do marido.
Pressão de ONGs
"No total, 5.774 presos, entre eles cerca de 600 mulheres, serão libertados", disse um funcionário do regime, sem explicar quantos dos indultados foram detidos durante a repressão militar da dissidência.
A libertação de presos foi reivindicada durante meses pelas organizações de direitos humanos, que condenam as políticas de uma junta acusada de ter mergulhado o país em um conflito sangrento desde o golpe de Estado.
Segundo uma ONG local, mais de 2.300 civis morreram pelas mãos das forças de segurança desde o golpe de Estado.
A Junta culpa a oposição armada pela morte de mais de 3.900 civis.
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