Retrospectiva 2022: Argentina conquista a Copa; e Rebeca Andrade, o Mundial de Ginástica
Nas quadras, nos gramados, nas pistas, nos aparelhos de ginástica, o ano de 2022 escreveu mais um capítulo de vitórias, recordes, superações, mas também de grandes despedidas no mundo do esporte.
Andréia Gomes Durão, da RFI
O ano foi deles, dos argentinos conquistarem o tricampeonato ao derrotarem a França em uma final eletrizante, uma final histórica no Mundial do Catar. Depois de 36 anos de espera, a "Albiceleste" estampa a terceira estrela em sua camisa com a vitória no estádio Lusail.
A vitória também representa a conquista do tão sonhado título que faltava para Lionel Messi, que disputava seu quinto Mundial.
"Conseguimos! Nós honestamente não poderíamos pedir mais! Só podemos ficar felizes por terminar o torneio assim com o troféu nas mãos. Eu esperei tanto por isso, e meus companheiros, e toda a Argentina. Agora somos campeões mundiais! Sabíamos que tínhamos de ser campeões e fizemos acontecer", declarou à RFI o jogador sete vezes eleito Bola de Ouro pela Fifa.
Em quarto lugar no Mundial, a equipe do Marrocos volta para casa sem troféu, mas de cabeça erguida, depois de sua melhor campanha em uma Copa do Mundo, e com a marca histórica de uma primeira seleção africana a chegar às semifinais do torneio.
Hexacampeonato adiado
Terceiro lugar no pódio em Doha, a Croácia pôs fim ao sonho do hexacampeonato do Brasil. A quinta eliminação da seleção brasileira por uma equipe europeia. A derrota marca o fim de um ciclo, com a saída de Tite do comando e a incerteza sobre a permanência de Neymar no time. O zagueiro Thiago Silva, capitão nas Copas de 2014 e 2022, também se despede da seleção, aos 38 anos.
Ainda assim, a equipe do Brasil continua figurando no primeiro lugar no ranking da Fifa, seguida pela Argentina (2°) e pela França (3°).
No futebol feminino, as "leoas" inglesas conquistam pela primeira vez a Eurocopa. Com mais de 87 mil espectadores reunidos no Estádio de Wembley, em Londres, a final contra a Alemanha quebrou o recorde de público para uma partida do campeonato europeu de futebol, feminino ou masculino.
Mas os gramados também foram cenário de cenas tristes. Em outubro, pelo menos 174 pessoas morreram e outras 180 ficaram feridas na Indonésia vítimas de um movimento de pânico após uma partida de futebol. A pior tragédia em uma arena de esportes em quase 60 anos.
No final de janeiro, oito pessoas também morrerem e 38 ficaram feridas, depois que dezenas de torcedores foram pisoteados após um tumulto na entrada do estádio Olembé, onde a seleção de Camarões disputou contra Comores a classificação pelas oitavas de final da CAN (Copa Africana de Nações).
Federer e Serena
Dos gramados para o saibro. Em 2022, Rafael Nadal vence pela 14ª vez o torneio de Roland Garros. Além de se firmar como maior campeão das quadras parisienses, o tenista espanhol bate também o recorde de atleta mais velho a erguer o trofeu francês, aos 36 anos.
Ainda em Roland Garros, o catarinense Ymanitu Silva, maior expoente do tênis em cadeiras de rodas do Brasil, conseguiu uma de suas maiores proezas na carreira. Vice-campeão do torneio de duplas, Ymanitu é, atualmente, o 11° do ranking.
"Meu objetivo mais próximo é conseguir entrar entre os top 7 do mundo. Eu conseguindo esse meu primeiro objetivo, consigo entrar em todos os Grand Slams para levar o tênis de cadeira de rodas do Brasil. Depois quero voltar para as Paralimpíadas, e quem sabe, conquistar uma medalha", afirmou ele à RFI.
Mas, no tênis, o ano também marca a despedida do suíço Roger Federer, aos 41 anos, que deu seu adeus às quadras no torneio de Laver Cup, em Londres. Em 24 anos de carreira, foram mais de 1,5 mil jogos e um total de 103 títulos só em torneios de simples, sendo o número 1 do mundo cinco vezes e conquistando 20 títulos de Grand Slam.
Entre as mulheres, foi ela quem "transformou o tênis", "abriu as portas", "inventou a intimidação" e "remodelou a relação do esporte com os negócios". Foi assim que seu ex-técnico Patrick Mouratoglou explicou como Serena Williams se tornou a maior tenista da história. Esse exemplo de atleta e de engajamento também se retirou definitivamente das quadras em 2022.
Já a aposentadoria precoce da n° 1 do tênis no ranking da WTA reacendeu a discussão sobre a saúde mental dos atletas. Aos 25 anos, a australiana Ashleigh Barty surpreendeu o mundo ao anunciar que não disputaria mais partidas do tênis profissional. Depois de vencer 15 títulos de simples, sendo três de Grand Slam, ela confessou estar exausta.
O anúncio chama atenção para dificuldades físicas e psicológicas de outros atletas profissionais. "Eu não tenho mais a disposição física, emocional e tudo o que é necessário para você se desafiar no mais alto nível", revelou Barty na despedida.
O adeus a Isabel
Nas quadras e nas areias, o mundo dá seu adeus definitivo à Isabel do Vôlei, ícone do esporte, que morreu em dezembro, aos 62 anos. Isabel Salgado disputou os Jogos de Moscou, em 1980, e, quatro anos depois, os de Los Angeles, nos Estados Unidos. Ela foi uma das primeiras grandes estrelas do vôlei brasileiro e a primeira atleta mulher do país a atuar profissionalmente no exterior. Outro pioneirismo ficaria a cargo de sua participação no vôlei de praia, na década de 1990.
No ciclismo, a brasileira Flávia Oliveira foi a grande campeã da 30ª edição de L'Étape du Tour 2022, em julho, uma disputa aberta para amadores que fazem o mesmo trajeto dos profissionais na Volta da França, a prova de ciclismo de rua mais importante do mundo.
O ano também foi de ouro para o brasileiro Alison dos Santos, que conquistou o 1° lugar no 18° Mundial de Atletismo, em Oregon, nos Estados Unidos, nos 400 metros com barreiras. O atleta, de 22 anos, venceu uma das provas mais importantes da modalidade com o tempo de 46s29, quebrando os recordes sul-americano e do Campeonato Mundial.
"Comentando sobre a prova, sobre o finalzinho, foi muita emoção no momento de passar a última barreira e saber que eu iria ser campeão mundial. Eu só queria literalmente passar a linha e comemorar, curtir esse momento", contou ele à RFI.
Já o mineiro Rafael Pereira terminou em segundo lugar nos 110 metros com barreiras no Meeting de Paris, realizado em junho deste ano na capital francesa. Rafael cravou o tempo de 13s25 na semifinal e repetiu o mesmo tempo na final do Meeting, garantindo a medalha de prata, atrás apenas do americano Allen Davon, um dos maiores corredores da modalidade.
"A primeira vez que eu vi meus principais adversários foi já nos Jogos [de Tóquio 2021], no dia de correr. Eu era um mero estreante e, mesmo assim, corri dentro de um planejamento. Agora não, já faço parte do circuito mundial, uma bagagem de experiência importante, e eu pretendo evoluir não apenas física, mas também mentalmente para Paris 2024", revelou o atleta.
Baile de Rebeca
E 2022, mais uma vez, o ano foi dela, que continuou a conquistar o mundo ao ritmo do seu Baile de Favela. Primeira ginasta brasileira a ser campeã olímpica, em 2020, este ano Rebeca Andrade fez história novamente ao conquistar o ouro no individual geral da ginástica artística, no Mundial de Liverpool, na Inglaterra. Outra marca nunca alcançada por uma atleta brasileira.
E que em 2023 os atletas de ouro do Brasil continuem dando um baile de talento e determinação pelo mundo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.