Fifa distribuirá prêmios recordes para mulheres na Copa, mas igualdade com homens segue distante
A Copa do Mundo Feminina começou nesta quinta-feira (20) na Austrália e na Nova Zelândia, com perspectiva de prêmios recordes da Fifa para todas as jogadoras. No entanto, as disparidades de remuneração em comparação aos jogadores do sexo masculino continuam a ser gritantes.
Dominique Baillard, da RFI
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Para esta edição da Copa do Mundo das Mulheres, a Fifa triplicou o orçamento de premiação para as jogadoras em relação ao Mundial de 2019: serão distribuídos US$ 110 milhões (cerca de R$ 500 milhões).
As jogadoras das seleções eliminadas ainda durante as classificatórias levam pouco mais de R$ 140 mil cada. Já quem estiver na equipe vencedora do Mundial receberá diretamente da Fifa o prêmio de R$ 1,3 milhão.
Este é um recorde absoluto na história do futebol feminino. Mas ainda muito distante da igualdade de tratamento entre homens e mulheres. No Catar, o orçamento da Fifa para prêmios dos jogadores foi o quádruplo: R$ 2 bilhões.
Após uma carta de protesto assinada por 150 jogadoras, a Fifa se comprometeu a equiparar os bônus para as próximas edições. Assim, os prêmios dos jogadores na Copa de 2026 devem ser equivalentes aos distribuídos para as mulheres em 2027.
Desigualdade criada pelas federações
Apesar dos avanços em relação à premiação, ainda há muito o que se fazer pela igualdade de remuneração no futebol.
São poucas as federações nesta Copa que pagam o mesmo salário para homens e mulheres.
As jogadoras da equipe americana, maior campeã da história com quatro Copas do Mundo femininas, só passaram a receber o mesmo valor do masculino em 2022. No Brasil, em 2020 a CBF passou a pagar o mesmo valor de diárias para jogadoras e jogadores.
Há igualdade entre a remuneração da seleção masculina e da feminina na Espanha, na Noruega, na Dinamarca, na Austrália e na Nova Zelândia, os dois países-sede da Copa.
Esse ainda não é o caso da Alemanha ou do Canadá, cujas jogadoras ameaçam fazer um boicote na primeira partida do Mundial em protesto contra as diferenças de remuneração.
Mais receita, e a remuneração...
O interesse pelo futebol feminino cresceu muito nos últimos anos. Cerca de 1,4 milhão de ingressos foram vendidos para os jogos desta Copa na Oceania, especialmente na Austrália. A expectativa é de que 2 bilhões de pessoas assistam aos jogos pela televisão em todo o mundo.
O potencial econômico deste mercado está dado. Organizadores, emissoras e anunciantes devem lucrar com essa visibilidade do esporte feminino.
A saber se com mais receita, as mulheres serão mais bem remuneradas. O percurso das jogadoras pela igualdade salarial ainda é longo. Hoje a jogadora mais bem paga do mundo é a australiana Sam Kerr. O salário dela é de US$ 500 mil dólares por ano (R$ 2,4 milhões). Na Arábia Saudita, Cristiano Ronaldo ganha no ano um salário equivalente a R$ 1 bilhão, cerca de R$ 89 milhões mensais.