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Corpo a corpo: Centro Pompidou traz panorama da fotografia mundial junto com acervo de colecionador

27/09/2023 10h24

Martin Karmitz é um dos nomes fortes do cinema francês. O produtor, distribuidor e dono da rede MK2 de cinemas em Paris é também um ávido colecionador de fotografias. O Centro Pompidou de Paris, o Beaubourg, traz um corpo a corpo entre a coleção Karmitz e o acervo do museu. A exposição vai até 25 de março de 2024.

Patrícia Moribe, em Paris

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"Corpo a Corpo" é uma oportunidade especial para ver parte da coleção Karmitz (são mais de 1500 obras) em confronto com as do Beaubourg, que conta com quase cem mil imagens (60 mil negativos e 40 mil impressões).

As mais de 500 imagens em exposição fazem um panorama dessa arte que nasceu em 1826 e não para de se transformar e fascinar. Os grandes nomes estão lá, entre os mais de cem fotógrafos expostos, ultrapassando fronteiras e temáticas: Berenice Abbott, Henri Cartier-Bresson, Richard Avendon, Raymond Depardon, Robert Frank, Susan Meiselas, Paul Strand, Laia Abril, Chris Killip, Dorothea Lange, Vivian Maier, Man Ray, Andy Warhol...

"Sempre fui apaixonado pelo diálogo entre artistas. Às vezes é recriar diálogos interrompidos ou esquecidos por uma razão, ou outra", diz Karmitz no catálogo da exposição. "A proposta de uma exposição cruzada me interessou de imediato, diante da possiblidade de pensar a história da fotografia de outra maneira, a partir das obras, dos diálogos entre elas".

A curadora Julie Jones cita que a reunião das duas coleções permitiu reconstituir séries ou conjuntos de um mesmo fotografo, como nos casos de Christer Strömholm, Sergio Larrain, Man Ray, Christian Boltanski e Annette Messager.

Em entrevista à Franceinfo, Karmitz diz que "a fotografia é um espaço que me faz sonhar". E acrescenta: "Eu invento histórias quando vejo uma foto, quem é o personagem, o que faz na vida, por que está vestido de tal maneira".

Parte da coleção de Karmitz já foi exibida pela Maison Rouge, espaço que encerrou suas atividades em 2018, e nos Encontros Fotográficos de Arles, em 2010.

"A coleção de fotografias de Marine Karmitz é, em mais de um aspecto, complementar à do Museu Nacional de Arte Moderna", explica Julie Jones. "Inclui um número significativo de obras que não fazem parte das coleções nacionais, muitas das quais são raras e têm valor patrimonial, com um interesse constante pela representação do mundo e dos seus habitantes."

Temas sem cronologia

O percurso da mostra é dividido por temáticas. A primeira sala traz rostos e feições. São expressões retratadas por artistas vanguardistas como Dora Maar e Brancusi, ou o humanismo de Paul Strand.

Sem seguir cronologia obvia, a próxima sala trata do automatismo, começando pelas cabines automáticas de foto, que inspiraram e inspiram artistas à irreverência. Há uma tira de fotos de uma moça que faz caretas no final dos anos 1920, e os autorretratos de artistas como Ulay e Birgit Jungenssen.

A sala seguinte, "Fulgurances", trata do momento mágico, do instante fulgurante, do flagrante de uma imagem. Através de situações banais, ou não, o artista congela para sempre um momento de reflexão para quem olha o instante. Walker Evans, William Klein, Dave Heath e Brassai estão nessa ala.

Já no espaço "Fragmentos", o destaque vai para os detalhes, como pés femininos elegantemente calçados e cruzados, por Dorothea Lange, ou a imagem transformada em arte quando a mão de uma criança é examinada por um médico, por W. Eugene Smith.

A sala "En Soi" é dedicada ao ser ensimesmado, contemplativo ou sonhador, imagens com o poder de desencadear emoções e elucubrações. Como a intervenção de Douglas Gordon recortando os olhos de Ingrid Bergman, deixando-a como uma efígie.

O espaço íntimo, reservado ou secreto é abordado na sala "Interiores". É como entrar na pele de um voyeur, que visita mulheres negras muçulmanas através da lente de Gordon Parks, ou um momento de intimidade com o espelho em Narcisse, de Christer Strömholm.

A criatividade e a experimentação explodem na sala "Espectros". Corpos dissimulados, reflexos, imagens desfocadas - o indivíduo se deforma e vira um fluido intangível, abrindo portas para sonhos e divagações. Os exemplos vão de Lisette Model (1940) a SMITH (2021).

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