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Netanyahu volta a rejeitar cessar-fogo e envio de combustível a Gaza até que Hamas liberte reféns

07/11/2023 16h58

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, voltou a descartar nesta terça-feira (7) qualquer possibilidade de um cessar-fogo ou envio de combustível à Faixa de Gaza enquanto os mais de 240 reféns mantidos pelo Hamas não forem libertados. As declarações foram feitas durante um discurso na televisão realizado um mês após os ataques do grupo terrorista contra Israel, que resultaram em uma intensa ofensiva israelense e mais de 10 mil mortos no enclave palestino. 

"Não haverá entrada de gasolina, de trabalhadores [palestinos] em Israel e cessar-fogo sem a libertação de nossos reféns", afirmou o premiê. "Não iremos parar", garantiu Netanyahu, referindo-se à dura ofensiva que isola a Faixa de Gaza e leva a comunidade internacional a multiplicar os pedidos por um cessar-fogo

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Mais cedo, o ministro da Defesa Yoav Gallant indicou que soldados israelenses participam de operações no coração da Cidade de Gaza. Segundo ele, as tropas estão "em total coordenação com as forças terrestres, aéreas e navais". 

Gallant descreveu o local como "a maior base terrorista construída", afirmando que os túneis da Faixa de Gaza abrigam depósitos de munições, salas de comunicação e esconderijos de combatentes. 

Ao ser questionado sobre os projetos do governo israelense para esse território palestino, o ministro respondeu que "nem o Hamas, nem Israel" governarão a Faixa de Gaza. "Todo o resto são possibilidades", reiterou, um dia depois de Netanyahu ter afirmado que Tel Aviv teria "a responsabilidade da segurança" do enclave durante uma duração indeterminada.

Um mês de ataques

Israel lembra nesta terça-feira um mês dos ataques do Hamas que deram início a uma retaliação sem precedentes. Dezenas de pessoas, entre judeus, muçulmanos e cristãos se reuniram na Cidade Velha de Jerusalém, sob forte emoção. Diante do Muro das Lamentações uma cerimônia foi realizada para os reféns e desaparecidos.

As homenagens tiveram início nesta manhã, quando um minuto de silêncio foi realizado em Jerusalém, Tel Aviv e outras cidades israelenses. Na Universidade Hebraica de Jerusalém, mais de mil pessoas se reuniram para rezar e cantar o hino nacional.

"As atrocidades deixaram uma cicatriz terrível, traumas individuais e em nível nacional", declarou o presidente da instituição, Asher Cohen. "Mas há esperança, haverá um renascimento", reiterou.

Na véspera, mais de 1.400 velas foram acendidas diante do Muro das Lamentações, em referência às mais de 1.400 pessoas mortas em Israel nos ataques do Hamas. A retaliação israelense, que teve início há um mês, deixou até o momento mais de 10 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde palestino, dirigido pelo Hamas. 

Mais de 240 reféns

Segundo as autoridades israelenses, mais de 240 pessoas são mantidas em cativeiro pelo Hamas. "Acho que não há uma só pessoa [em Israel] que não tenha sido afetada por esses ataques horríveis", disse a artista e professora Sharon Balaban em um evento na Bezalel Academy of Art and Design, onde velas também foram acesas. "Todo mundo conhece alguém que foi ferido, morto ou impactado", reiterou. 

"Não desejo essa situação para ninguém", diz à RFI o mexicano Benito Gritzewski, que trabalha como motorista de ônibus em Israel. A filha, Ilana, de 30 anos, foi sequestrada junto com o namorado em 7 de outubro no kibutz de Nir Oz, a três quilômetros da Faixa de Gaza. "A única coisa que sabemos é que estão vivos", completa.

Mesmos sentimentos da parte de Maayan Sigal Koren desde que a mãe, Clara Merman, israelense de origem argentina de 63 anos, desapareceu do kibutz de Nir Itzakh, onde vivia até o ataque do Hamas. A ausência de rastros de sangue e violência em sua casa levam as autoridades locais a acreditarem que ela, o marido Fernando Merman, a irmã Gabriela Leimberg e a sobrinha Mia Leimberg foram sequestrados. "Toda a minha vida mudou, parou, estou muito preocupada, com muito medo, angústia", afirma à RFI.

Até o momento, o Hamas libertou apenas quatro reféns. Uma militar israelense também foi resgatada pelo Exército em Gaza. A questão suscita impaciência e revolta de parte da sociedade israelense contra o governo Netanyahu.

Mario Sznajder, professor emérito da Universidade Hebraica de Jerusalém, aponta "uma contradição" entre a urgência de salvar os reféns e a intensificação das operações israelenses no enclave palestino. "As Forças Armadas de Israel alegam que quanto mais pressão exercerem na Faixa de Gaza maiores serão as possibilidades que o Hamas e a Jihad Islâmica cedam", afirma à RFI lembrando que o teor das negociações é secreto. 

(RFI com AFP

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