Saiba como está a distribuição de comida em Gaza após chegada de navio com 200 toneladas de ajuda
As 200 toneladas de ajuda humanitária transportadas pelo navio da ONG espanhola Open Arms a partir do Chipre foram completamente descarregadas neste sábado (16) em um porto improvisado no norte do enclave. O anúncio foi feito por outra ONG, a americana World Central Kitchen, que gerencia a operação, e segundo a qual os mantimentos devem começar a ser distribuídos à população ameaçada pela fome.
Uma verdadeira corrida contra o relógio é realizada em Gaza para organizar a entrega de alimentos, água e medicamentos à população. Nas últimas semanas, os esforços internacionais se multiplicaram no enclave, cercado pelas forças israelenses.
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A Alemanha se uniu a outros países neste sábado para lançar caixas de ajuda humanitária por avião que decolam da Jordânia. Quatro toneladas de mantimentos serão lançadas por meio de paraquedas no norte do território.
No entanto, a ajuda humanitária enviada por via aérea é insuficiente, suscita tumulto entre a população e ainda provoca acidentes. No início deste mês, cinco palestinos morreram ao ser atingidos por pacotes de mantimentos lançados de aviões. Já os caminhões com mantimentos que chegam via terrestre até a passagem de Rafah, na fronteira com Egito, demoram a entrar na Faixa de Gaza devido às longas inspeções das Forças Armadas isralenses.
Na semana passada, um navio deixou o porto de Larnaca, no Chipre, criando uma nova rota marítima de cerca de 370 quilômetros até Gaza. A embarcação, transportando 200 toneladas de ajuda humanitária, chegou na sexta-feira (15) ao enclave, onde um cais improvisado foi criado às pressas. Os mantimentos e medicamentos terminaram de ser descarregados na manhã deste sábado e começarão a ser distribuídos em breve.
A ONG World Central Kitchen indicou que um segundo carregamento está sendo preparado com "centenas de toneladas de mantimentos" que serão enviados pela mesma rota marítima. A exemplo da primeira embarcação, o segundo envio de ajuda humanitária será submetido ao controle de segurança das forças israelenses antes da chegada em Gaza.
2,2 milhões de pessoas passam fome
Segundo a ONU, entre os quase 2,5 milhões de pessoas que viviam no enclave antes da guerra, 2,2 milhões estão ameaçados pela fome. Na sexta-feira, Dominic Allen, membro dos Fundos das Nações Unidas para a População (UNFPA, sigla em inglês) para os territórios palestinos, afirmou que os bebês que estão nascendo em Gaza não tem mais "o tamanho normal".
Allen ressalta que as gestantes estão "esgotadas pelo medo, pelo fato de serem deslocadas frequentemente, pela fome e a desidratação. "Todas as pessoas que vimos e com quem falamos estão magras, extenuadas, elas têm fome, fazem sinais com as mãos apontando para a boca para nos pedir comida", contou.
Em entrevista ao canal France 24, Jean-Raphaël Poitou, responsável pelo Oriente Médio da ONG Ação contra a Fome indicou que os moradores de Gaza "não têm mais do que se alimentar". "Nossos empregados que trabalham lá dizem que as pessoas estão comendo qualquer coisa, grama ou folhas", ressalta.
Acordo de cessar-fogo
O movimento grupo Hamas, que exigia até a semana passada um cessar-fogo definitivo, se diz agora pronto a uma trégua de seis semanas e a troca de 42 reféns israelenses por 20 a 50 prisioneiros palestinos. Segundo Israel, entre as 250 pessoas sequestradas em 7 de outubro, 130 seguem em cativeiro no enclave palestino e 32 teriam morrido.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que uma delegação israelense irá ao Catar no âmbito das negociações sobre um cessar-fogo, mas não precisou quando. Ao mesmo tempo aprovou os planos das Forças Armadas de Israel para uma operação em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, apesar das críticas dos Estados Unidos - principais aliados de Tel Aviv - e de outros países ocidentais.
O Ministério da Saúde palestino, gerenciado pelo grupo Hamas, anunciou na manhã deste sábado que 123 pessoas morreram em ataques israelenses desde a noite de sexta-feira no território. Com o balanço, o número total de vítimas se eleva a 31.553 mortos em pouco mais de cinco meses de guerra.
(RFI com agências)