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Tubarão no Sena: ONG reage à filme sobre animal no rio francês e alerta sobre importância da espécie

12/06/2024 15h32

"Os tubarões desempenham um papel essencial na saúde dos oceanos, no equilíbrio da cadeia alimentar e na diversidade das espécies. É somente na tela do cinema que eles nadam no rio Sena, em Paris, ou no Tâmisa, em Londres, devorando pessoas". Assim o Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW na sigla em inglês) alertou, nesta quarta-feira (12), sobre a imagem negativa divulgada a respeito do animal, que é estrela de um novo lançamento da Netflix. 

O filme "Sob as Águas do Sena" está entre os mais vistos no mundo na plataforma de streaming, desde que foi colocado online, na semana passada. A produção estreou em 5 de junho e mostra um tubarão gigante como protagonista de uma ameaça mortal no tradicional rio da capital francesa. Para evitar uma catástrofe, a cientista Sophia tem que encarar tragédias do próprio passado.  

O longa-metragem, com direção e roteiro do cineasta francês Xavier Gens, é recheado de cenas de ação, explosões e mergulhos no coração de Paris. As cenas mostram como o animal se reproduz nas profundezas.

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Ambientada no verão de 2024, a trama se passa durante o que é descrito na ficção como Campeonato Mundial de Triatlo do rio Sena. Em um enredo que parece bastante atual, a fera ameaça os competidores da prova aquática a ser realizada nas águas do famoso rio francês, envolvendo as autoridades numa luta contra o tempo. 

A atriz Bérénice Bejo, que concorreu ao Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2012 com o filme "The Artist", vive o papel da cientista confrontada com uma nova espécie de tubarão ameaçador. Ela precisa encontrar uma maneira de neutralizar o animal e de garantir a segurança dos competidores e espectadores do evento, ao mesmo tempo em que lida com a incredulidade das autoridades e o pânico dos moradores de Paris.

O elenco é composto, ainda, por Nassim Lyes, Anaïs Parello, Iñaki Lartigue e Léa Léviant. 

Lançamento às vésperas dos Jogos Paris 2024

À medida que as provas de triatlo e natação em águas abertas no rio Sena dos Jogos Paris 2024 se aproximam, em julho, qualquer semelhança do filme com o caso parisiense é mera coincidência. A produção da Netflix é baseada apenas em ficção. Nenhuma aparição de tubarão foi registrada no rio Sena até os dias de hoje, tranquiliza Sébastien Brosse, investigador do Centro Nacional Francês de Investigação Científica (CNRS) e professor de biologia animal, em entrevista ao jornal Le Monde.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, prometeu nadar no Sena e espera que seu mergulho convença os parisienses céticos sobre a qualidade da água. Porém, às vésperas das competições olímpicas em Paris, a preocupação ainda é grande sobre a qualidade da água, especialmente em caso de chuvas fortes, mas não sobre a presença de animais, quanto mais desse porte.

Fora das telas, há muito mais risco para os atletas do que adquirir doenças em razão da poluição das águas, como temem certos nadadores às vésperas dos Jogos. A atleta brasileira Ana Marcela Cunha foi uma das que questionaram a realização da maratona aquática no local, afirmando que "o Sena não era feito para nadar". 

Até este momento, contudo, o Comitê Organizador diz que não "existe plano B" e propõe apenas, em caso de contaminação, que as provas sejam adiadas.

Apesar da existência de tubarões no Sena ser apenas de ficção, uma baleia beluga doente se perdeu em suas águas, em 2022, mobilizando autoridades para retirá-la em segurança do local. O animal acabou não sobrevivendo, após uma longa operação de resgate.

De acordo com a IFAW, o enredo do filme "Sob as Águas do Sena" não é muito diferente do clássico "Tubarão", de 1976, que segundo a ONG contribuiu para prejudicar a imagem dos tubarões na memória do público em geral.

"Ameaçados de extinção"

Às vezes ameaçados de extinção, os tubarões "desempenham um papel essencial", lembram os defensores ambientais, que querem mudar a imagem do tubarão de dentes afiados. "Eles capturam o carbono, e não os humanos", alerta a ONG em seu comunicado. "As mudanças climáticas são o verdadeiro horror da realidade", completa o texto. 

O filme parece ter "o objetivo de mostrar o tubarão como vítima da humanidade", destacando a diminuição de seu habitat, reconhece Barbara Slee, chefe do programa internacional da IFAW, em um comunicado de imprensa. Porém, "estamos mais uma vez perante um filme que se baseia nesta imagem nada lisonjeira da espécie, apresentando os tubarões como um predador ameaçador, os malvados da história, quando na realidade somos nós que os caçamos até à 'extinção'", explica. 

Atualmente, existem mais de 1.000 espécies de tubarões e raias no mundo, mais de 50% das quais estão ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção, sublinha o Fundo.  

Mais de 100 milhões de tubarões são mortos todos os anos na pesca comercial, cerca do dobro do que é estimado como sustentável pelos cientistas, segundo a mesma fonte. 

Os ambientalistas lembram que os tubarões ajudam a preservar a saúde dos ecossistemas marinhos, permitindo ao planeta resistir melhor às mudanças climáticas.

A ONG encerra seu comunicado dizendo que se medidas urgentes não forem tomadas, cidades como Paris, Londres, Berlim e Amsterdã poderão acabar debaixo d'água no futuro, devido ao aumento dos oceanos provocado pelo aquecimento global. 

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