"Sou brasileira, queria trazer essa medalha para o país e consegui": Tatiana Weston-Webb comemora prata inédita no surf em Paris
A surfista brasileira Tatiana Weston-Webb concedeu uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (8) na Casa Brasil, espaço do Comitê Olímpico brasileiro (COB), em Paris. A atleta falou sobre a conquista de uma medalha inédita ao surf nacional em Teahupo'o, no Taiti, território francês, na Polinésia.
Com um português quase perfeito, Tatiana descreveu a emoção da conquista. A esportista nasceu em Porto Alegre (RS), é filha da bodyboarder gaúcha Tanira Guimarães e do surfista britânico Doug Weston-Webb, e é radicada com a família no Havaí. "Realmente foi um sonho realizado, sonhei em ganhar uma medalha desde criança", disse.
Para a atleta, que também tem a nacionalidade norte-americana, mas que decidiu em 2018 competir pelo Brasil, não há dúvidas sobre a sua brasilidade, um sentimento com o qual cresceu, mesmo vivendo há milhares de quilômetros de distância no Brasil. "Todas as minhas amigas chegavam na minha casa e sempre me perguntavam porque tinha arroz e feijão todos os dias", relembra, rindo.
No entanto, reconhece que com suas características físicas - principalmente o cabelo louro platinado - dificultaram seu reconhecimento como brasileira, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. "A gente cresceu sempre indo para Porto Alegre indo visitar a minha família, indo para Garopaba (SC) passar as férias. A gente tem o Brasil no coração", ressalta.
Sobre viver e treinar fora do Brasil durante boa parte de sua vida, mas ainda assim escolher competir pelo país, Tatiana descreve "um sentimento um pouquinho estranho". Mas o casamento com um brasileiro, com quem tem uma casa no Guarujá que visita com frequência, ajuda a sua conexão. "Para mim, o fato real é que eu sou brasileira e que eu queria trazer essa medalha para o Brasil e consegui. Então, estou muito feliz", sublinha.
Prata inédita no surf
A surfista cravou uma conquista inédita para o surf brasileiro em 5 de agosto em Teahupo'o, na Polinésia francesa, onde ocorreram as competições da modalidade nos Jogos Olímpicos de Paris. Tatiana afirma que mirava no ouro e lamentou ter ficado atrás da norte-americana Caroline Marks.
Com sua medalha, já são nove pódios de atletas brasileiras nessa Olimpíada, do total de 14. "Acho que as mulheres estão arrasando, então [sinto] nada mais do que orgulho", disse. "Representar o surf feminino do Brasil é uma honra gigante. Espero que isso vá inspirar várias meninas a surfarem e ir atrás dos sonhos delas", reiterou.
Tatiana também falou sobre o entrosamento da equipe brasileira e a conquista do bronze de Gabriel Medina, mostrando "o quanto o surf brasileiro é grande". "A gente tem esse apoio entre a gente, esse sentimento de família. Estamos sempre torcendo um pelo outro, ajudando e trocando ideias, realmente tem esse amor entre a gente", diz.
A esportista ainda celebrou a boa fase, após ter trabalhado muito "em ondas pesadas para ter esse momento". Sobre o futuro, a atleta expressa otimismo: "espero continuar nessa trajetória, estou me sentindo ótima e esse final de ano vai ser ainda melhor", afirma, referindo-se às "finals" da Liga Mundial de Surf (WSL), que serão realizadas nas ilhas Fiji.
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