Moscou reforça ação em áreas de fronteira com a Ucrânia para tentar conter ofensiva de Kiev
A Rússia lançou neste sábado(10) uma "operação antiterrorista" em três regiões de fronteira com a Ucrânia para interromper a maior ofensiva de Kiev em território russo desde que o conflito começou há dois anos e meio.
A Rosatom, agência nuclear russa, disse que a incursão ucraniana em Kursk representava uma "ameaça direta" a uma usina localizada a menos de 50 quilômetros da zona de combate.
O Exército russo enviou na sexta-feira mais tropas e armas para a área, incluindo tanques, lançadores de foguetes e unidades de aviação, para tentar reprimir a ofensiva ucraniana.
À noite, o Comitê Nacional Antiterrorista Russo afirmou que estava lançando "operações antiterroristas nas regiões de Belgorod, Bryansk e Kursk" para "garantir a segurança dos cidadãos e suprimir a ameaça de atos terroristas por grupos de sabotagem inimigos".
Segundo a legislação russa, as forças de segurança e os militares têm amplos poderes de emergência durante as chamadas operações "antiterroristas".
Nesse período, os deslocamentos são restringidos, os veículos podem ser confiscados, as chamadas telefônicas monitoradas, há postos de controle e a segurança é reforçada nas principais infraestruturas.
Ele também chamou a incursão ucraniana de "ataque terrorista" e afirmou que as tropas de Kiev feriram civis e destruíram edifícios residenciais.
Nenhum dos lados deu detalhes sobre o número de forças mobilizadas.
O Exército russo disse inicialmente que a Ucrânia havia enviado quase 1.000 soldados e mais de vinte veículos blindados e tanques. Mas desde então, afirmou ter destruído cerca de cinco vezes mais aparatos militares.
As agências de notícias independentes não conseguiram verificar esses números.
"A guerra chegou até nós"
Ministério da Saúde russo disse na sexta-feira que 55 civis foram hospitalizados, 12 deles em estado grave.
Vários meios de comunicação russos compartilharam um vídeo que supostamente mostrava moradores do distrito de Sudzha, em Kursk, onde se concentra a ofensiva ucraniana, pedindo ajuda ao presidente russo, Vladimir Putin.
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Quero receberPelo menos 3.000 civis deixaram as zonas fronteiriças russas e as autoridades disponibilizaram trens adicionais para Moscou, a capital, para pessoas que tentavam fugir.
"A guerra chegou até nós", disse uma mulher que fugiu da zona fronteiriça à AFP em uma estação ferroviária de Moscou na sexta-feira.
No leste da Ucrânia, que continua sendo o epicentro do conflito, pelo menos 14 pessoas foram mortas no bombardeio russo a um supermercado em Kostyantynivka, segundo os serviços de emergência.
De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede nos Estados Unidos, as tropas ucranianas avançaram até 13 km em território russo.
Os líderes ucranianos não comentaram abertamente a operação. Mas o presidente Volodymyr Zelensky disse na quinta-feira que a Rússia levou a "guerra ao nosso país" em fevereiro de 2022 e deveria agora "sentir" seus efeitos.
Os Estados Unidos, o aliado mais próximo de Kiev, disseram que não foram informados dos planos com antecedência.
Em outras partes do front, autoridades ucranianas relataram duas mortes na região de Kharkiv, no nordeste, e outra na cidade de Kramatorsk, no leste.
O Exército ucraniano relatou neste sábado uma redução no número de "combates" dentro da Ucrânia, um possível sinal de que sua incursão na Rússia pode estar aliviando a pressão sobre outros pontos da linha da frente, onde as tropas de Moscou avançaram nas últimas semanas.
(com AFP)
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