"Vou em busca do tri", diz Petrúcio Ferreira, fenômeno das pistas que chega a Paris como bicampeão paralímpico
As Paralimpíadas de Paris começam no dia 28 repletas de histórias e marcas particulares para cada atleta. Uma delas é a do velocista brasileiro Petrúcio Ferreira, um fenômeno das pistas, que chega para a competição como bicampeão paralímpico, ocupando o posto de mais rápido do mundo nos 100 m rasos.
Para os Jogos de 2024, o brasileiro entra com o espírito determinado a defender o seu recorde mundial na categoria T47, para atletas com deficiência nos membros superiores.
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O paraibano também mira o terceiro ouro paralímpico, na sua terceira participação no evento esportivo.
"Vou defender o meu posto de mais rápido do mundo na modalidade e o título de campeão paralímpico, já em duas edições. Estou na minha terceira, em busca do meu tri", Petrúcio Ferreira, de 27 anos.
Velocidade da cabeça aos pés
O atleta brasileiro mostra que está se preparando para a competição dos pés à cabeça. Além de se dedicar na parte técnica, a mais importante, ele também quer chegar com estilo na hora de correr, como fazem muitos atletas da modalidade.
Em conversa com a reportagem da RFI no Centro Esportivo de Aube, em Troyes, onde a delegaçao brasileira vem treinando, Petrúcio mostrou o corte especial que fez para os Jogos.
"Fiz um corte de cabelo com o símbolo do raio e coloquei um brinco para simbolizar um pouco da velocidade do raio", brinca o paraibano, fazendo referência também à joia que carrega na orelha direita.
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O período de treinamento em Troyes faz parte da fase de ambientação na França. Esta semana, ele e outros integrantes da delegação brasileira começam a deixar o centro esportivo para se instalarem definitivamente na Vila Paralímpica, em Paris.
Mais rápido da história, tetra Mundial e bi paralímpico
Aos 27 anos, Petrúcio Ferreira alcançou o recorde de mais rápido do planeta nos 100 m rasos no Mundial de Kobe, no Japão, em maio deste ano, quando fez 10s82 e sagrou-se tetracampeão da competição.
Como se não bastasse, ele já era o detentor do melhor tempo da história entre todas as categorias, com 10s29, registrados durante o desafio da Confederação Brasileira de Atletismo, em 2022, em São Paulo.
Já os ouros paralímpicos, o velocista conquistou em Tóquio 2021 e no Rio 2016. Ao todo, Petrúcio tem cinco medalhas em duas participações nos Jogos Paralímpicos, com duas pratas e um bronze, além dos dois ouros.
Números que o colocam entre os maiores medalhistas paralímpicos brasileiros em Paris 2024, empatado com Tallison Glock e Carol Santiago, ambos da natação. Eles só ficam atrás de Felipe Gomes (6), do atletismo, e Phelipe Rodrigues (8), também da natação.
Nas pistas, a batalha do velocista é contra o relógio. Mas na vida, os desafios começaram bem cedo para ele. Natural de São José do Brejo do Cruz, no interior do estado da Paraíba, Petrúcio Ferreira perdeu parte do braço esquerdo aos dois anos, em um acidente com uma máquina de moer capim.
A corrida entrou em sua história durante a juventude. Na adolescência, gostava de jogar futsal e chamava atenção justamente por sua velocidade, sendo descoberto por um técnico do atletismo. Os primeiros frutos vieram já na sua estreia em Paralimpíadas, nos Jogos do Rio 2016.