Brasil não consegue passar da China no goalball feminino em Paris e deixa escapar o bronze
Poucos minutos após a conquista do bronze no masculino, foi a vez da equipe brasileira de goalball feminino enfrentar a seleção da China na briga pelo terceiro lugar nos Jogos Paralímpicos de Paris. A partida aconteceu na Arena 6 Paris Sul, em Porte de Versailles e terminou com placar de 6 a 0 para as chinesas.
Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris
O Brasil iniciou a partida com Jessica Vitorino, Moniza Lima e Ana Gabriely. O time do técnico Alessandro Tosim é formado ainda por Geovana Moura, Katia Silva e Danielle Longhini.
Neste esporte desenvolvido exclusivamente para atletas com deficiência visual, não pode haver barulho no ginásio, já que a modalidade é baseada na percepção tátil e auditiva. O que não impediu o público de organizar uma "holla silenciosa".
Todos as jogadoras utilizam uma venda nos olhos, para competir em condições de igualdade na quadra de 9 metros de largura por 18 de comprimento, a mesma dimensão da quadra de vôlei. O arremesso é rasteiro para o gol de 9 de largura por 1,30 de altura e todas as atletas são arremessadoras e defensoras ao mesmo tempo.
O jogo
O primeiro gol da China saiu aos 2min e 33s de partida. Menos de um minuto depois, as chinesas marcaram o segundo gol. O primeiro tempo de 12 minutos encerrou com placar de 2 a 0 para a China.
Na segunda etapa, Katia Silva e Danielle Longhini entraram em quadra. Porém, as chinesas continuaram mostrando superioridade, abrindo larga vantagem no placar, marcando 5 a 0, quando ainda faltavam sete minutos de jogo. O Brasil sofreu penalidades por fazer lançamentos muito longos. Após o sexto gol da China, o técnico Alessandro Tosim pediu tempo. O placar final da partida foi 6 a 0 para China, que ficou com a medalha de bronze.
"Isso não desmerece a campanha que a gente veio fazendo independentemente dos resultados", analisou Ana Gabriely em entrevista à RFI Brasil. "O goalball é um esporte exclusivo para deficientes visuais, então quanto mais informação houver sobre ele, melhor", acrescenta. "No Brasil, eu vejo que desde a paralimpíada de 2016, a visibilidade do goalball vem crescendo cada vez mais, para que mais pessoas possam praticar ou trabalhar com essa modalidade e eu espero que isso possa acontecer também aqui em Paris", deseja.
Campanha
Nas classificatórias, o Brasil empatou com a Turquia e perdeu para Israel por 8 a 4. Nas quartas de final, ganhou do Japão por 2 a 0 e na semifinal, perdeu para a Turquia por 3 a 1.
"O time não encaixou direito no começo do jogo contra a China, ambas equipes falharam, mas nós não soubemos aproveitar as falhas delas", avaliou Geovana Moura, em entrevista à RFI Brasil. "O jogo de ontem pesou no emocional de todo mundo, mas na próxima prometemos um show mais bonito", completa. "O nosso trabalho é levar o esporte além das nossas fronteiras e tornar o goalball mais visto", acrescentou a jogadora que participou de sua primeira Paralimpíada. "Por mim, teria uma Paralimpíada todos os anos", diz.
O técnico Alessandro Tosin diz que falta ao Brasil uma "boa batedora". "Eu vejo a Geovana com todo o potencial para se transformar nesse papel para o próximo ciclo, alguém que incomode mais os adversários", diz. "Ao longo desses sete meses, conseguimos mudar o comportamento dessas meninas, elas são mais aguerridas e isso é um processo", acrescenta. "Além disso, a gente precisa mudar esse biotipo e ter atletas mais altas", explica. "A gente precisa ser mais potente", avalia. O treinador destaca o papel das universidades no crescimento do esporte paralímpico. "As universidades precisam fomentar o esporte paralímpico. Se isso acontecer, cada vez mais vamos desenvolver o esporte. Eu venho do mundo acadêmico e posso dizer isso", conclui.
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