Furacão Milton enfraquece, mas continua 'extremamente perigoso' e leva moradores a deixarem a Flórida
O furacão Milton foi rebaixado para a categoria 4, na escala que vai a 5, mas continua "extremamente perigoso", antes da sua chegada prevista na quarta-feira (9) à Flórida, nos Estados Unidos. A região já foi afetada pela passagem desoladora do furacão Helene, no final de setembro.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) prevê a chegada de Milton à Flórida durante a noite de quarta para quinta-feira, depois de o fenômeno ter contornado a costa norte da península mexicana de Yucatán na segunda e terça-feiras. O furacão poderá causar "ondas destruidoras" no México e um aumento do nível da água de até 1,5 metro.
Relacionadas
O estado de Yucatán suspendeu até a terça-feira as atividades não essenciais. Trabalhadores protegeram portas e janelas com tábuas, enquanto pescadores levaram os barcos para a terra.
"Mesmo que a previsão do Serviço Meteorológico Nacional indique que o furacão Milton não atingirá o território nacional, esperam-se chuvas e ventos torrenciais, especialmente em Campeche e Yucatán", afirmou a presidente do México, Claudia Sheinbaum, na rede social X.
Segundo grande furacão registrado no Golfo do México em duas semanas, é "provável" que Milton "continue como um grande e poderoso furacão ao atingir a costa da Flórida, com riscos potencialmente mortais na costa e no interior", informa o NHC.
Há apenas 10 dias, o furacão Helene causou pelo menos 230 mortes no sul dos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, autoridades da Flórida ordenaram novas evacuações na mesma região, que ainda se recupera daquele desastre. "Quem tiver meios deve pegar a estrada hoje", apelaram as autoridades da Flórida em uma coletiva de imprensa dirigida especificamente às populações da região metropolitana de Tampa (onde vivem cerca de 3 milhões de habitantes), no Golfo do México.
Esta será a pior tempestade a atingir a região de Tampa em mais de cem anos, com ventos de 250 km/h.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, ampliou para 51 (de um total de 67) o número de condados em situação de emergência no estado, o terceiro mais populoso do país. "É um furacão feroz", afirmou DeSantis. "Dá tempo de sair. Por favor, façam isso. Por favor, executem o plano agora se estiverem em algumas das áreas de risco", disse.
Separada do Golfo do México por uma baía, a cidade de Tampa, de 400 mil habitantes, teme, sobretudo, o impacto da maré e as inundações. Sacos de areia foram colocados nas portas das casas, para tentar conter a água. Carros congestionam as estradas e moradores lotam os supermercados para estocar mantimentos.
Os empregados do zoológico evacuaram porcos-espinhos, orangotangos e elefantes para áreas protegidas. O nível das águas pode subir entre 2,4 e 3,6 metros, de acordo com o NHC. "Estas tempestades estão trazendo mais água do que nunca, por isso, ao mesmo tempo que existe o risco do vento, é a água que está matando pessoas", alertou a diretora da agência federal de resposta a desastres naturais (Fema), Deanne Criswell.
Milton poder levar chuvas de até 250 mm para a Flórida (com focos pontuais de até 380 mm), com inundações repentinas em áreas urbanas, segundo o NHC.
No centro da cidade de Orlando, sob um céu cinzento, centenas de carros faziam fila para coletar sacos de areia. "Pode ser que eu e meus animais deixemos o local, é possível que a gente vá para a Geórgia", disse à AFP Tony Carlson, de 32 anos.
Ainda limpando os estragos de Helene
Em Treasure Island, ilha do Golfo do México, as ruas seguem repletas de resíduos. O furacão Helene alagou a maioria das residências e lojas e os moradores amontoaram nas portas de suas casas tudo o que perderam, como camas, colchões, geladeiras e televisores.
Helene atingiu a costa da Flórida como furacão de categoria 4, em 26 de setembro, e deixou um rastro de destruição até os Montes Apalaches, com chuvas torrenciais e inundações, tornando-se o desastre natural mais mortal a atingir o país desde o furacão Katrina, em 2005.
Os socorristas ainda trabalham para encontrar sobreviventes e levar energia e água potável às comunidades isoladas pela tempestade nas montanhas.
A magnitude dos danos não impediu que o desastre se tornasse o centro de uma campanha de desinformação. O candidato republicano à presidência, Donald Trump, acusou sua adversária democrata, a vice-presidente Kamala Harris, de atribuir aos migrantes parte do orçamento destinado a ajudar as pessoas afetadas pelo Helene.
(Com AFP)