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Nobel da Paz de 2024 recompensa organização japonesa de vítimas das bombas de Hiroshima e Nagasaki

11/10/2024 07h30

O Prêmio Nobel da Paz de 2024 foi concedido na sexta-feira (11) à organização japonesa Nihon Hidankyo, um movimento nacional de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Os sobreviventes "nos ajudam a descrever o indescritível, a pensar o impensável e, de alguma forma, a compreender a dor e o sofrimento incompreensíveis causados pelas armas nucleares", disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comitê Nobel da Noruega, durante o anúncio na sexta-feira (11).

Frydnes afirmou que o comitê Nobel, ao homenagear o Nihon Hidankyo, desejava "honrar todos os sobreviventes que, apesar do sofrimento físico e das memórias dolorosas, escolheram usar sua experiência dolorosa para cultivar a esperança."

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Nihon Hidankyo é a única organização nacional de sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki (hibakusha) no Japão. Ela é formada por organizações de hibakusha em todas as 47 prefeituras do país. Foi fundada em 10 de agosto de 1956, durante a 2ª Conferência Mundial contra as Bombas A e H.

"As armas nucleares não são garantia de um mundo livre de conflitos", disse Toshiyuki Mimaki, codiretor da Nihon Hidankyo, em Tóquio, ao comentar o prêmio. "Foi dito que, graças às armas nucleares, a paz seria mantida em todo o mundo. Mas as armas nucleares podem ser usadas por terroristas. E, por exemplo, se a Rússia as usar contra a Ucrânia e Israel contra Gaza, isso não vai parar por aí. Os líderes políticos devem estar cientes disso", acrescentou Mimaki à imprensa.

Já o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba afirmou que a atribuição do Prêmio Nobel da Paz para a Nihon Hidankyo é "extremamente significativo",

Bombas sobre o Japão

Em 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos detonaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente. Os bombardeios mataram entre 150.000 e 246.000 pessoas, a maioria civis.

O Japão se rendeu aos Aliados em 15 de agosto, seis dias após o bombardeio de Nagasaki e a declaração de guerra da União Soviética contra o Japão, além da invasão da Manchúria, ocupada pelos japoneses. O governo japonês assinou o instrumento de rendição em 2 de setembro, encerrando a Segunda Guerra Mundial.

Efeitos nefastos

Nos anos subsequentes, milhares de sobreviventes desenvolveram leucemia, câncer e outros efeitos colaterais da gigantesca radiação a que foram expostos.

Frydnes destacou a luta e "esforços extraordinários" dos sobreviventes do ataque nuclear dos EUA no Japão, incluindo aqueles que fazem parte do Nihon Hidankyo, para divulgar as atrocidades e consequências das armas atômicas, "contribuindo para estabelecer o tabu nuclear." Ele acrescentou que isso fez com que nenhuma arma desse tipo fosse usada em guerras nos últimos 80 anos.

O representante do Nobel também destacou que é alarmante ver esse tabu se dissipando nos últimos anos.

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