Papa pede "respeito" às forças de paz da ONU no Líbano; Netanyahu instiga Nações Unidas a proteger soldados
O papa Francisco pediu neste domingo (13) "respeito" aos soldados da Força Interina das Nações Unidas (UNIFIL) no Líbano, corporação que nesta semana acusou o exército israelense de disparar "deliberadamente" contra suas posições, e informou que pelo menos cinco soldados da paz foram feridos. Já o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, pediu ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que coloque as forças de paz no Líbano "sob cobertura imediata".
"Sinto-me próximo de todos os povos envolvidos [no conflito do Oriente Médio], Palestina, Israel e Líbano, onde peço que as forças de paz da ONU sejam respeitadas", declarou o Pontífice do Vaticano ao final da oração do Angelus.
Relacionadas
"Rezo por todas as vítimas, pelos deslocados, pelos reféns, e espero que todo esse sofrimento inútil, causado pelo ódio e pela vingança, chegue logo ao fim", acrescentou. "A guerra é uma ilusão. Ela nunca trará paz, nunca trará segurança, é uma derrota para todos, especialmente porque vocês se acham invencíveis. Por favor, parem", martelou.
Neste domingo (13), Israel intensificou seus ataques no Líbano, dentro e fora dos redutos do Hezbollah, e está conduzindo batalhas terrestres contra o movimento libanês pró-iraniano em setores próximos à fronteira no sul do país, que tem sido incansavelmente bombardeada por seu exército.
O papa também expressou sua preocupação com os ucranianos após uma reunião com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Vaticano, na sexta-feira, durante a qual os líderes discutiram os meses difíceis que estão por vir na região.
A Ucrânia enfrenta seu inverno mais rigoroso desde o início da invasão russa em grande escala, em fevereiro de 2022, enquanto a Rússia ataca a rede elétrica do país e avança na frente oriental. "Faço um apelo para que os ucranianos não morram de frio", disse o papa. "Parem os ataques aéreos contra a população civil, que é sempre a mais atingida. Parem o massacre de pessoas inocentes", disse ele.
Francisco tem pedido repetidamente a paz na Ucrânia e tem procurado mediar o conflito, embora seus esforços ainda não tenham dado resultados.
Netanyahu pede ao secretário-geral da ONU que proteja forças de paz no Líbano
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu neste domingo ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que coloque as forças de paz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) "sob cobertura imediata".
"Sr. Secretário-Geral, leve as forças da UNIFIL para um lugar seguro. Isso deve ser feito imediatamente", declarou Netanyahu em um discurso filmado no início do Conselho de Ministros, dirigindo-se a Guterres em inglês.
Essa é a primeira vez que o chefe do governo israelense fala publicamente sobre a controvérsia que eclodiu depois que pelo menos cinco soldados da força de paz foram feridos nos últimos dias durante os combates entre as forças israelenses e o movimento pró-iraniano Hezbollah no sul do Líbano.
Em seu discurso, Netanyahu enfatizou que o exército israelense havia solicitado "repetidamente" a retirada da UNIFIL das zonas de combate e havia sido "repetidamente recusada". "Sua recusa em evacuar os soldados das forças de paz os torna reféns do Hezbollah. Isso coloca eles e as vidas de nossos soldados em perigo", disse.
"Lamentamos que os soldados da UNIFIL tenham sido feridos e estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para evitar que isso aconteça novamente. Mas a maneira mais simples e mais óbvia de fazer isso é simplesmente tirá-los da zona de perigo", acrescentou.
Na sexta-feira, a corporação internacional acusou as tropas israelenses de disparar "repetidamente" e "deliberadamente" contra suas posições. Cinco membros da força de paz foram feridos em 48 horas, de acordo com a UNIFIL, cujas posições sofreram "muitos danos", disse seu porta-voz, Andrea Tenenti. O exército israelense disse que havia disparado na direção de uma "ameaça".
O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu que Israel parasse de disparar contra as forças da ONU no Líbano, enquanto seu colega francês, Emmanuel Macron, disse que era "inaceitável" que elas fossem alvejadas "deliberadamente pelas forças israelenses".
No sábado, pelo menos 40 países, incluindo 34 contribuintes da UNIFIL, prometeram seu apoio "total" às forças de paz da ONU no Líbano e pediram a proteção para os soldados.
Criada em 1978, a missão da UNIFIL é monitorar a situação de segurança e proteger os civis na área entre o Líbano e Israel.
(Com AFP)