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Entenda por que home office é questionado por empresas em todo mundo

14/10/2024 13h40

A pandemia de Covid-19 abalou profundamente o mundo do trabalho e impôs o home office como novo padrão de funcionamento em muitas empresas. Trabalhar à distância se transformou, para muitas pessoas, em sinônimo de flexibilidade e de um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Mas três anos após o fim das restrições ligadas à doença na maioria dos países ocidentais, empresas multinacionais estão dando marcha a ré e mandando os funcionários voltarem para seus escritórios.

Nos Estados Unidos, o PDG da Amazon, Andy Jassy, anunciou em 16 de setembro uma volta total de seus 300.000 trabalhadores ao modelo presencial a partir de janeiro de 2025.  

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Outras figuras importantes da indústria, como Sam Altman, do ChatGPT, Bob Iger, da Disney, e Elon Musk, da Tesla e SpaceX, expressaram suas reservas ou mudaram claramente suas políticas com relação ao trabalho à distância.

O grupo Tesla obriga seus empregados a passarem no mínimo 40 horas semanais nos locais de trabalho e mantém o home office como uma opção viável apenas para empregados considerados "excepcionais".

Outros chefes de empresas vão além proibindo totalmente o teletrabalho, como o do banco JPMorgan, Jamie Dimon, por exemplo, que proibiu o home office para executivos sêniors, afirmando que retardava a tomada de decisões.

Outros executivos, entre eles Marc Benioff, da Salesforce, e Hanno Kirner, da Dyson, alegam que o teletrabalho atrapalha a produtividade, a inovação e o desenvolvimento de habilidades.

Volta atrás na França

Em 2021, o grupo automotivo Stellantis assinou um acordo revolucionário com sindicatos franceses permitindo que seus engenheiros trabalhassem até três semanas por mês de maneira remota. Até mesmo o CEO do grupo Carlos Tavares, não esconde que passa oito dias por mês em home office em sua casa em Portugal.

Mas, de acordo com a Bloomberg em junho deste ano, a empresa pediu a seus engenheiros que voltassem a trabalhar nas fábricas para enfrentar as novas exigências de redução de tempo de desenvolvimento de um veículo elétrico em menos de dois anos.  

No entanto, segundo o representante sindical Benoît Vernier, o construtor seria atualmente incapaz de acabar com o trabalho remoto, já que o grupo estabeleceu um sistema de "flex office" (sem escritório fixo), reduzindo em 30% o espaço nos escritórios. A medida permitiu à empresa de fazer economias importantes.

Trabalhadores não querem voltar

As empresas também encontram dificuldades em fazer voltar seus empregados ao trabalho. Em uma escala de 1 a 5, a volta ao escritório em tempo integral decidida pela Amazon ficou com uma nota de 1,4 durante uma pesquisa realizada entre os empregados da empresa. Eles acreditam que a obrigatoriedade do presencial terá um impacto negativo em sua vida e em sua produtividade no trabalho, de acordo com um relatório da revista Fortune.

Na França, empregados da empresa de videogames Ubisoft lançaram um chamado à greve a partir de 15 de outubro, contra a obrigatoriedade de voltar ao escritório imposta pela direção.

Como lembra o sociólogo e pesquisador da Universidade Paris-Dauphine, Jean-Yves Boulin, em entrevista à FranceInter, o teletrabalho é para muitos jovens uma condição primordial no momento de aceitar um emprego.

Menos radical que o mercado de trabalho americano, na França, as empresas oferecem contrapartidas aos empregados que vão desde a oferta de atividades esportivas nas dependências da empresa ou até mesmo uma semana de 4 dias de trabalho. Aumentos de salário também são usados para atrair os empregados mais valiosos.

Benoît Serre, vice-presidente da Associação nacional francesa de Diretores de Recursos Humanos salienta que os Estados Unidos voltaram atrás no direito ao teletrabalho em tempo integral. Ele lembra, em entrevista à FranceInfo, que na França e na Europa de maneira geral, que têm um modelo tradicionalmente presencial, poucas empresas adotaram o teletrabalho a 100%, mas usam modelos de 2 a 3 dias por semana de home office.

Segundo ele, um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que as pessoas recebem menos aumentos de salários ou promoções quando trabalham remotamente o tempo todo.

Por outro lado, na França foi observada uma diminuição das licenças por doença de curta duração. "Existem prós e contras. Mas é verdade que existe uma procura bastante forte, especialmente nas zonas urbanas, uma vez que o home office apresenta vantagens principalmente no que se refere aos transportes, dando uma real sensação de maior autonomia no trabalho", afirma.

"Esta é a principal expectativa das pessoas. Se a empresa conseguir implementar modelos operacionais e de gestão menos hierárquicos e menos controlados, o teletrabalho perde alguma da sua atratividade para as pessoas", diz.

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