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Universitários da Argentina fazem greve em todo o país contra o governo Milei

17/10/2024 10h00

A mobilização começou nesta semana e inclui outras 48 horas de paralisação na semana que vem, quando o orçamento universitário começa a ser debatido no Congresso. Os estudantes brasileiros na Argentina veem com preocupação a disputa com o governo.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

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Milhares de estudantes e professores universitários fizeram na noite de quarta-feira (16) uma passeata carregando velas até o Ministério da Educação em Buenos Aires.

As chamas representam, segundo os manifestantes, a esperança de que o governo e os legisladores sejam iluminados quanto à importância da universidade pública.

O protesto em forma de procissão antecedeu uma greve em todas as 73 universidades públicas do país nesta quinta-feira (17). A paralisação vai continuar na segunda (21) e na terça-feira (22) da próxima semana.

A reivindicação é pelo reajuste salarial do pessoal universitário e pelo financiamento da Educação Superior, que, advertem, corre perigo.

Ao longo desta semana, os estudantes começaram uma mobilização com cerca de 100 faculdades ocupadas, com aulas públicas no meio de praças e ruas, com o bloqueio de avenidas.

Entre os manifestantes, centenas de brasileiros. Há cerca de 15 mil universitários brasileiros na Argentina, a maioria estudantes de Medicina como a goiana Luiza Miranda Moraes de Carvalho, que cursa o segundo ano.

"O nosso principal medo é que, caso aceitem implementar alguma lei ou alguma normativa na qual os estrangeiros tenham de pagar uma taxa, que essa seja uma porta de entrada para uma futura privatização da universidade pública. O que a gente teme realmente é que haja uma privatização porque a gente continua querendo uma faculdade pública e acessível para todo mundo", desabafa Luiza à RFI.

Pressão sobre o orçamento de 2025

Se já falta financiamento para as universidades em 2024, a situação tende a piorar no ano que vem. Isso porque o orçamento previsto pelo governo é ainda menor.

O debate sobre o orçamento de 2025 começa no Congresso na próxima quarta-feira. É sobre essa discussão que os estudantes pressionam a partir de agora.

O orçamento universitário para o ano que vem é de 0,50% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). É a metade do que os reitores pediram. É também 30% inferior ao orçamento de 2023, de 0,72% do PIB.

Os salários dos professores estão atrasados em cerca de 50% em relação à inflação acumulada de 150% desde dezembro, quando o presidente Javier Milei assumiu o poder.

O governo prioriza o equilíbrio fiscal e diz que a reivindicação, ao aumentar o gasto público, vai contra o plano econômico.

Os estudantes avisam que a luta é por tempo indeterminado, até o governo ceder.

"Vai durar o que tiver de durar para que a universidade tenha o seu orçamento e não tenha de fechar. E vamos continuar com greves, com passeatas, com aulas públicas nas ruas e com mobilizações com velas para que a sociedade veja que esta é uma luta de todos", indica à RFI o secretário-geral do Centro de Estudantes da Faculdade de Direito, Danel Bitchik.

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