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De Milei a Meloni, apoio a Trump reconfigura a geopolítica da extrema direita mundial

07/11/2024 11h47

A vitória eleitoral de Donald Trump foi calorosamente recebida pelo presidente argentino, Javier Milei, que sempre demonstrou sua admiração pelo agora presidente eleito dos Estados Unidos. Na frente diplomática, Trump defende um certo isolacionismo, mas de Milei, na Argentina, a Viktor Orbán e Giorgia Meloni, na Europa, o novo presidente americano pode contar com vários aliados no cenário internacional. 

A mensagem de felicitação a Donald Trump do Ministério das Relações Exteriores da Argentina tinha um tom diplomático clássico. A chancelaria argentina ofereceu suas "mais sinceras felicitações ao povo dos Estados Unidos da América" e parabenizou e enviou "calorosas saudações ao presidente eleito".

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Javier Milei, em suas redes sociais, foi mais efusivo. Em uma mensagem em inglês, disse: "Parabenizo Donald Trump por sua formidável vitória eleitoral, agora para tornar a América grande novamente. Ele sabe que pode contar com a Argentina para realizar sua tarefa. Felicidades e bênçãos". Milei não esconde que sua política externa é regida por um princípio simples: seus únicos aliados estratégicos verdadeiros são EUA e Israel. 

O presidente argentino também retuitou mensagens de outros usuários que comemoravam que, com a vitória de Trump, a [extrema] direita conseguiu se espalhar no norte, centro e sul do continente americano. Javier Milei e Donald Trump têm relações estreitas, são ideologicamente semelhantes e líderes incontestáveis da extrema direita em seus países.

FMI

Na Argentina, além disso, há expectativas de que, com Trump como presidente, os Estados Unidos apoiem negociações do país com o FMI, ao qual Buenos Aires deve US$ 44 bilhões, além de ajudar na concessão de novos créditos. O governo argentino também não descarta a possibilidade de que Milei viaje aos Estados Unidos para parabenizar Trump pessoalmente.

O presidente argentino declarou repetidamente que sua política externa consiste em um alinhamento total com Israel e os Estados Unidos, e agora pretende se estabelecer como um parceiro privilegiado para a nova administração americana na região.

"Mini Trump"

Javier Milei é apelidado dentro e fora da Argentina de "mini Trump" e compartilha o ódio de Trump pelas "elites" (ainda que os dois venham deste meio), seu negacionismo em relação ao clima, sua oposição ao aborto e adotou a mesma linguagem ultrajante do big boss norte-americano. Donald Trump disse que estava "muito orgulhoso" após a eleição do argentino.

Os dois líderes trocam elogios regularmente pelas redes sociais e demonstraram sua afinidade ideológica ao aparecerem juntos em Washington, em fevereiro, na CPAC, a cúpula dos conservadores norte-americanos.

Orbán e sua campanha "Make Europe Great Again"

Na Europa, Donald Trump também pode contar com o apoio do primeiro-ministro húngaro. Viktor Orbán ocupa atualmente a presidência rotativa da União Europeia e transformou o slogan de Trump, "make America great again", em "make Europe great again".

O líder europeu também mantém um relacionamento muito próximo com o regime russo de Vladimir Putin para garantir suas importações de energia. Mas isso não é tudo. A política russa de amordaçar as organizações que criticam o governo, estigmatizadas como "agentes estrangeiros", é uma fonte de inspiração para o húngaro.

Em Budapeste, Orbán criou um "Escritório para a Proteção da Soberania Nacional". Em 2020, no entanto, a Europa forçou o país a revogar uma lei sobre agentes estrangeiros.

Meloni e Oriente Médio

Outro aliado importante no continente é a chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, que desempenha um papel mais central nas instituições europeias do que seu colega húngaro. Ela também compartilha muitas das ideias de Donald Trump, especialmente em relação a suas políticas antimigrantes e sua condenação aos direitos reprodutivos da mulher

Finalmente, no Oriente Médio, Donald Trump também conta com aliados não menos importantes em Israel, para o qual ele demonstrou forte apoio durante seu primeiro mandato, reconhecendo Jerusalém como sua capital e a soberania do país sobre as Colinas de Golã ocupadas, mas também nas monarquias do Golfo, onde sua linha dura contra o Irã foi bem recebida.

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